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A falta de Educação Política e a corrupção

O Planalto Central, Brasília -DF. Qual a importância de se entender a Política?

Imagem de Renato Laky por Pixabay

 

Entendendo um pouco mais de política

“O Congresso Nacional é a cara do povo a quem representa” é uma frase comum, mas não é exata.

 

O Congresso do Brasil  é composto por 513 deputados, das mais variadas esferas e estados.

Estes são eleitos de acordo com partidos e propostas – e ultimamente, número de seguidores em plataformas de streaming!

DISTORÇÕES NO CONCEITO DE POLÍTICA

Em países como o Brasil, a educação política não é estimulada nas escolas.

Este pode ser um dos motivos da continuidade da falsa percepção, desenvolvida ao longo de décadas,  de que o voto não é importante, que sua é apenas função de colocar as autoridades em seus postos.

Por causa desta distorção, a prática de compra e venda de votos persiste apesar de ser ilegal e é geralmente feita longe dos olhos da justiça.

-Compra de votos (art. 299 do Código Eleitoral) — Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (tre-rs.jus.br)

Algumas vezes os próprios eleitores atuam como corruptores barganhando seu apoio em troca de favores ou benefícios.

A resposta a essa conduta é a indiferença dos políticos, que uma vez eleitos,  não se comprometem com promessas de campanha .

O valor do voto já foi pago e a participação popular se resume ao ato de depositar suas cédulas de dois em dois anos.

A EDUCAÇÃO – Prevenção

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

Assim como um trabalhador é cobrado por resultados, sujeito a punições e demissão, a educação política fortaleceria a consciência de que o vereador, deputado, senador e até o presidente atuam como servidores públicos e devem ser cobrados.

A falta de tal conhecimento tem sido responsável pela idolatria e bajulação prestadas a políticos que muitas vezes atuaram contra os direitos já adquiridos.

A carência de tal educação se torna evidente quando se percebe a grande quantidade de artistas e estrelas da internet eleitos e o número de votos desperdiçados em tais atores do mundo político.

O raciocínio de que todos os velhos políticos são corruptos e que um novo seria a  revolução necessária, é enganoso.

ATRIBUIÇÕES DEPUTADO FEDERAL 

Examine as atribuições de um Deputado Federal, por exemplo:

. Propor, discutir e aprovar leis, que podem até mesmo alterar a constiruição.

. Aprovar ou não, as medidas provisórias do Presidente.

. Fiscalizar e controlar as ações do poder executivo, bem como os atos do presidente da república e seus ministros.

. Aprovar o orçamento da União.

. Quando há denúncias ou suspeitas de irregularidade, criar uma CPI para investigar um tema ou situação específica.

Fonte: O que faz um deputado federal? | Politize!

A IMPRODUTIVIDADE, O DESINTERESSE E AS FALSAS PAUTAS

Conhecendo as atribuições dos Deputados Federais examine a manchete no link a seguir:

28 deputados federais que propuseram só um projeto de lei por ano, ou menos, concorrem à reeleição – Estadão (estadao.com.br)

Não seria incorreto definir como “improdutivo” alguém que, num período de quatro anos não exerceu plenamente as suas funções.

Mais estranho, porém, é saber que aqueles que o elegeram NÃO acompanharam o desempenho dos seus eleitos.

Uma tática usada por políticos deste cacife é pautar questões polêmicas que os mantenham em evidência.

– Isso cria a ilusão de PARTICIPAÇÃO e REPRESENTATIVIDADE.

Aproveitando a onda dos sentimentos de revolta causados por programas jornalísitcos que exploram comercialmente a violência, surgiram candidatos cabos, tenentes, delegados, generais etc. que normalmente aparecem mais pela alcunha do que pelo desempenho.

Outros  tentam se apresentar como guardiões da moral e da boa conduta, atendendo a um  público mais conservador e religioso.

Examine a manchete, no link a seguir: Nikolas Ferreira vira réu após expor aluna trans de 14 anos em banheiro escolar de BH (globo.com); AGU avalia como enquadrar deputados por fake news sobre banheiro unissex (correiodopovo.com.br).

Observe, pautando assuntos que visam constranger e perseguir minorias alguns são eleitos para cargos maiores.

Na primeira manchete o político citado era vereador na segunda notícia, aparece como deputado eleito.

VERDADEIROS INTERESSES 

Muitos moralistas, defendiam um governo que se provou incompetente ao lidar com a pandemia da Covid 19, e que delegou ao Congresso a função de governar enquanto fazia motociatas, carreatas,” jet-ski-atas”, “jeguiatas” e novas modalidades de campanha com uso da máquina pública.

Um mesmo governo que zombava dos que morriam da COVID 19 e que de acordo com investigações, pode estar envolvido com milícias e a venda de joias que não lhe pertenciam.

Veja mais nos links:

Presidente da bancada evangélica na Câmara defende gesto de Bolsonaro a pastores do Nordeste | CNN Brasil; Exclusivo: bancada evangélica é fiel a Bolsonaro em 89% das votações – Congresso em Foco (uol.com.br);

. A ligação do clã Bolsonaro com paramilitares e milicianos se estreitou com a eleição de Flávio | Atualidade | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

. A mesma hipocrisia e corrupção disfarçada é também escancarada quando os políticos se unem  para defender seus correligionários envolvidos em escândalos e corrupção.

A VERDADEIRA REPRESENTATIVIDADE ( mas, disfarçada é claro!)

Retornando ao ponto da representatividade, muitos são eleitos com o apoio de empresários e produtores rurais, e atuam conforme os interesses destes quando votam contra o meio ambiente e direitos trabalhistas – isso quando não são eles mesmos, os empresários!

Saiba mais nos posts abaixo:

Em cada 10 deputados federais, 6 têm atuação desfavorável ao meio ambiente, indígenas e trabalhadores rurais (reporterbrasil.org.br);

Sindicalistas protestam na porta do escritório de Mabel – Brasil 247

A EDUCAÇÃO POLÍTICA  – O QUE É?

A justiça eleitoral esporadicamente divulga notas educativas sobre o poder do voto com qualidade.

Estas notas são insuficientes, uma vez que é praxe dos veículos de comunicação colocar sutilmente os interesses de patrocinadores (empresários) em forma de notícias ou denúncias.

A educação deve começar na escola.

O direito de exercer o seu voto ou de manter-se neutro, se esta for a sua decisão consciente.

Acima de tudo, desenvolver o espírito crítico para avaliar de forma honesta, se aquele que foi escolhido para representar os interesses comuns está performando para vídeos em streamings, ou se está atuando para uma sociedade mais justa.

Os corrruptos não brotam do solo… são trazidos à tona por inocentes – ou por outros corruptos!

Gilson Cruz

Veja mais no link:

Corrupção no Brasil: consequência de séculos de desigualdade | Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

O papel da imprensa e a História ‣ Jeito de ver

A educação política deveria ter um caráter preventivo.

 

Show aberto ao público – Nada é de graça!

Imagem de Pexels por Pixabay

Os alto-falantes anunciam o evento: um cantor famoso realizará um concerto na pequena cidade.

Os moradores, carentes de investimentos em esportes, saneamento e educação, ficam entusiasmados com o carisma do cantor.

Refletindo, me pergunto: se cada habitante recebesse o dinheiro que a prefeitura gastou no show, eles comprariam ingressos para assisti-lo? Confesso que não tenho certeza.

Contudo, as prefeituras no Brasil frequentemente recorrem a este expediente, e a população, que não recebeu educação para pensar criticamente, aplaude o “favor”.

Após serem atraídas pela fantasia, as pessoas retornam ao mundo real, repleto de desafios, enquanto aguardam ansiosamente pelo próximo momento de escapismo.

ANALISANDO GASTOS

Em ano eleitoral, prefeitos na Bahia aumentaram significativamente os gastos com a contratação de artistas para os festejos juninos de 2024, totalizando R$ 364 milhões para 3.356 apresentações, com um custo médio de R$ 108 mil por show, mais que o dobro do registrado em 2023.

No ano passado, 210 municípios gastaram R$ 153 milhões para 3.138 shows, com um custo médio de R$ 48,7 mil cada.

Esses dados, provenientes do Painel da Transparência dos Festejos Juninos do Ministério Público do Estado da Bahia, refletem a preocupação com a transparência nas contas públicas, embora 328 dos 417 municípios baianos tenham reportado suas despesas.

GASTOS EXTRAORDINÁRIOS

Um dos casos mais emblemáticos foi o de Banzaê, com uma população de apenas 12 mil habitantes, que gastou R$ 1,78 milhão em shows, um valor superior ao orçamento anual da prefeitura para cultura, que é de R$ 1,23 milhão.

A prefeita Jailma Dantas (PT) justificou que os gastos incluíram um convênio com o governo do estado e outras fontes de receita.

O cantor Wesley Safadão, por exemplo, foi contratado em diversas cidades, somando R$ 8,2 milhões em cachês.

Luís Eduardo Magalhães pagou R$ 1,1 milhão por uma apresentação de Gusttavo Lima, enquanto Candeias gastou R$ 6,1 milhões, evidenciando um aumento em relação aos R$ 3,4 milhões do ano anterior.

A prefeitura de Candeias defendeu que a festa gerou 2.000 postos de trabalho diretos e movimentou a economia local.

Contudo, a questão central não é apenas a legalidade dos gastos, mas sua proporcionalidade em relação ao orçamento das prefeituras e suas prioridades.

O Ministério Público ressaltou que o painel não atesta a eficiência dos gastos, mas busca promover o controle social.

SUPER CACHÊS

A prática de usar verbas públicas para altos cachês de artistas populares, como Gusttavo Lima, tem sido alvo de críticas e investigações, especialmente em um contexto em que muitos municípios enfrentam sérias dificuldades financeiras.

Recentemente, Gusttavo Lima foi investigado por seu envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro e teve bens bloqueados, mas isso não impediu que ele continuasse a faturar com shows pagos por prefeituras, que muitas vezes comprometem suas receitas em áreas essenciais como saúde e educação.

Um estudo revelou que, em 2024, o artista arrecadou R$ 12,3 milhões com prefeituras, afetando diretamente outros investimentos municipais.

Em pequenas cidades, como Mara Rosa (GO), o custo de um show de Gusttavo Lima representou 10,35% do orçamento destinado à cultura, e em Campo Verde (MT), 52,78% do orçamento para a mesma área.

CRÍTICAS

Críticas surgem de moradores e profissionais, como professores, que questionam a priorização de shows em detrimento de necessidades básicas da população.

O uso de verbas públicas para grandes shows em ano eleitoral levanta questionamentos sobre as prioridades das administrações municipais.

O “pix orçamentário” implementado pelo governo de Jair Bolsonaro, que permitiu a liberação de R$ 3,2 bilhões para as prefeituras, intensificou essa prática, dificultando a fiscalização do uso desses recursos.

Além de beneficiários em termos de entretenimento, a cultura popular e a música se tornaram ferramentas políticas, com artistas se posicionando publicamente em eventos que se assemelham a comícios.

OS FATOS

A conexão entre grandes festividades e campanhas eleitorais reforça a prática do “pão e circo”, distraindo a população de problemas urgentes como investimentos em saúde, educação e infraestrutura.

É evidente que a realização de grandes eventos pelas prefeituras não representa um benefício para a população, mas uma tática para desviar fundos que poderiam ser melhor empregados em serviços essenciais.

Dada a escolha, muitos cidadãos prefeririam avanços nos serviços públicos em vez de celebrações. Portanto, sob o disfarce de generosidade, os cidadãos são frequentemente ludibriados.

Veja mais:

Propaganda musical e Empobrecimento cultural ‣ Jeito de ver

Cachês pagos por shows no interior são alvo de denúncia e levam prefeituras aos tribunais; veja casos (terra.com.br)

Shows de Gusttavo Lima consomem até 50% de orçamento de cultura de pequenas cidades (iclnoticias.com.br)

Corrupção e Desvio de Verbas – Grandes Shows

Grandes eventos podem também esconder mau uso de verbas públicas.

Grandes eventos

A Estratégia de “Pão e Circo”

Entretenimento em Detrimento de Prioridades Essenciais

A estratégia de “Pão e Circo” era utilizada antigamente para atender às necessidades básicas e oferecer entretenimento ao povo. No entanto, existem mais aspirações a serem alcançadas.

Além de alimentação e lazer, é fundamental não negligenciar outras necessidades humanas essenciais, como educação, saneamento e saúde. Frequentemente, governantes optam por investir em eventos suntuosos e espetáculos para obter popularidade rápida, em detrimento de investimentos em melhorias sustentáveis para a comunidade.

É comum observarmos o gasto questionável do dinheiro público, como na contratação de artistas renomados por valores exorbitantes para apresentações em pequenas cidades, onde o benefício é duvidoso. Isso suscita preocupações acerca da corrupção e da má administração de fundos que poderiam ser destinados a áreas mais críticas, como a educação e a saúde.

Recentemente, houve casos notórios de uso impróprio de fundos públicos em eventos musicais. Um exemplo é o cantor Gusttavo Lima, que recebeu um cachê significativo para realizar shows em municípios de pequena população, suscitando debates acerca da transparência e equidade desses acordos.

É essencial garantir transparência e fiscalização para que o dinheiro público seja usado de forma responsável.

Valorizando o Desenvolvimento Sustentável

Além disso, é importante valorizar talentos locais e investir na cultura das comunidades, promovendo o desenvolvimento local e fortalecendo os laços entre as pessoas.

A política é considerada a arte da negociação, e os políticos estão cientes de que é mais fácil serem lembrados por trazerem um artista famoso do que por investirem em educação e saúde.

Por isso, os administradores públicos devem agir com responsabilidade e priorizar o bem-estar dos cidadãos, investindo em áreas que tragam benefícios reais e duradouros para a sociedade como um todo.

Mas o que esperar quando vários políticos recorrem, inclusive, a notícias falsas para manterem seus cargos?

 

Leia mais: A importancia de Investir em talentos locais ‣ Jeito de ver

Veja mais:  Cidades sem saneamento, asfalto e emprego gastam milhões em shows (terra.com.br)

 

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