GTM-N822XKJQ

A Escola de Samba Unidos por Natureza

rio-carnival-1084648_1280-300x200

Imagem de Monica Volpin por Pixabay

Mestre Arlindo estava preocupado.

Era o primeiro ano em que a Escola Unidos por Natureza disputaria o acesso à décima divisão das Escolas de Samba e não sabia sobre o quê escrever.

Isso porque todos os temas possíveis já estavam comprometidos e seriam abordados por outras agremiações, e nenhum barão do bicho iria querer colocar seu nome numa escola fraca. E convenhamos, repetir o tema dos outros era pedir pra sair!

Daí, o Sr. Martins, um dos compositores, teve a brilhante ideia de compor um samba enredo como nenhum outro.

Um samba que trouxesse toda a história do mundo, sem refrão ou frases repetidas.

E assim se deu, depois de duas longas semanas, o Samba Enredo estava pronto. Os compositores sofreram em pesquisas, mas, ufa! venceram o desafio!

Mas tinha um probleminha: Era um samba de 96 páginas e ninguém conseguiu memorizar absolutamente nada daquilo que foi escrito…

Daí uma nova brilhante ideia: a gente leva por escrito e canta.

E chega o grande dia:

A Portela da Fazenda trazia a ficção científica e mergulharia no mundo dos ETs, tanto que o ET Bilu foi convidado e aparentemente estava lá, foi o que deduziram pelos gritos do Alien: “Busquem conhecimento” enquanto levantavam os braços imensos. – A plateia veio abaixo.

A agremiação “O Salgueiro que você plantou” traria os seis mil anos de escravidão e para surpresa de todos, inclusive dos figurantes, os chicotes eram de verdade e estalavam nas costas, com a mesma cadência do samba enredo: “Mortes na senzala”.

– E o povo aplaudiu pensando que era encenação…

O Beija Flor do Jardim trazia a história da evolução política no país, é incrível como representaram fielmente os políticos e familiares ficando ricos e os pobres se contentando com migalhas.

Foram bem convincentes, tanto que o público passou a atirar pedras nos sambistas…

Outras escolas se seguiram como “Mocidade dependente dos pais”, “Viradouro da esquina”, “Vira Isabel”, todas com nomes que lembravam as do grupo principal.

A plateia já tinha decidido.

A apresentação extraterrestre tinha sido a melhor!

Enfim, chegou a hora mais esperada: “E com vocês, Unidos por Natureza” e o enredo…”

Esqueceram de passar o tema para o locutor, que gritou: – ” Vai lá!”

O Grupo dos cantores pegou apressado suas páginas com a letra do samba e os ritmistas puxaram a música…

Mas, como toda história tem um detalhe… Apanharam na pressa as páginas erradas, e não tinha mais volta.

O Improviso

E Arlindo, nervoso, suando frio, intestino revirando, grita: “Natureza chamou…”

E o público, se identificou de imediato com a letra, aplaudiu freneticamente, respondendo em coro:“Natureza chamou”

E eu me apressei… Eba Eba

Eu me apressei” – Respondiam emocionados…

Corri pra qualquer lugar

NA-NA-Natureza Quem tem um trono É Rei…”

E NO IMPROVISO MAIS BELO E SINCERO DA HISTÓRIA, O PÚBLICO INOCENTE FOI CONQUISTADO e os juízes não conseguiram dar menos que a nota máxima em todos os fundamentos.

O acesso à nona divisão estava garantido.

E até hoje, esse é o samba mais famoso das escolas que por ali desfilaram…

Leia também:  Um E.T em meu quintal (Um dia estranho) ‣ Jeito de ver

O goleiro que pegava até pensamentos!

soccer-5154906_1280-300x195

Imagem de jotoya por Pixabay

 

A Origem do XV de Setembro e Seu Goleiro Lendário

Poucos goleiros foram tão bons na história do futebol quanto João Rodrigues, lá do XV de Setembro, embora muito poucos o saibam. Mas, XV de Setembro? Não seria mais apropriado e significativo o XV de Novembro, data em que foi proclamada a República naquele país?

Creio que ou o Sr. José Rodrigues não era muito bom em memorizar datas ou, quem sabe, na hora de registrar o nome do clube, Aurelino, o escrivão, não escutou muito bem. Por causa da animação de ver o novo time da cidade ganhar corpo, as conversas fluíram sem que ninguém percebesse o erro na bendita data! Apenas na hora de inscrever o XV no campeonato é que perceberam o equívoco.

Apesar disso, João Rodrigues, que por coincidência era filho do Sr. José, dono do time, era o goleiro. Antes que alguém fale de nepotismo, ele realmente era um grande goleiro! Enquanto a maioria dos goleiros reagia aos lances, João parecia adivinhar os pensamentos dos atacantes adversários. Jogadores mais inteligentes ficavam frustrados, pois nenhuma estratégia ou improviso funcionava. Como diziam: “Ele pegava até pensamento!”


As Primeiras Partidas e o Dom Misterioso

Na estreia contra o 2 de Novembro, famoso por “enterrar” adversários, a pressão era intensa. Aos 44 minutos do segundo tempo, o artilheiro Mestre Jorge teve a chance de consagrar-se frente a frente com João. No entanto, algo improvável aconteceu: Jorge parou, sentou no gramado e, visivelmente abalado, deixou a bola para trás. Depois, confessou que João havia capturado todos os seus pensamentos, deixando-o completamente desnorteado.

A vitória do XV no último minuto tornou-se um marco. A partir daí, o time continuou vencendo, frustrando adversários como Barra Rasa e Barra Funda. Contra o Barra Funda, um pênalti duvidoso foi marcado. Porém, mesmo diante das tentativas de suborno, nenhum jogador conseguiu superar João. Todos pareciam perder o foco no momento decisivo, e o XV saiu vitorioso novamente.


O Encontro Final com o Inerte Futebol Clube

Na final do campeonato, o XV enfrentou o Inerte Futebol Clube, considerado o time mais fraco do torneio. O Inerte era tão ruim que os jogadores eram conhecidos pela improdutividade em campo e por perderem todas as partidas por goleadas absurdas.

Surpreendentemente, o jogo começou com o Inerte marcando gols inesperados. João Rodrigues, o apanhador de pensamentos, ficou perdido. O motivo? Não havia nada para “pegar” das mentes vazias dos jogadores do Inerte. Eles simplesmente não pensavam! O XV venceu o campeonato, mas levou 11 gols e ficou claro que João precisaria ajustar suas habilidades.

João aprendeu uma grande lição: nem toda mente tem algo de valor para ser capturado. Para o próximo campeonato, ele decidiu estudar melhor seus adversários. Afinal, algumas mentes não oferecem absolutamente nada a aproveitar!

Gilson Cruz

 

Veja também

Quiprocuó Esporte Clube – Falando de futebol ‣ Jeito de ver

Zé da Ladeira – uma história de futebol. ‣ Jeito de ver

Optimized by Optimole