Minha Experiência no Kwai e no TikTok

Redes sociais. Vale a pena?

Minha Experiência no Kwai e no TikTok

Um experimento sobre conteúdo reflexivo nas redes sociais

Com a chegada da data de encerramento das atividades do nosso blog cultural Jeito de Ver -História e Cultura decidi uma nova experiência.

O nosso site prioriza a cultura e as reflexões.

Durante algumas semanas, decidi testar uma hipótese simples: conteúdo reflexivo tem espaço nas redes sociais?

Postei os mesmos textos — sobre paternidade, solidão, música, filosofia — no TikTok e no Kwai. O que descobri foi revelador, preocupante e, no fim, libertador.


O Experimento

Decidi postar vídeos com textos reflexivos em ambas as plataformas, nas mesmas condições, e comparar resultados.

Usei os seguintes textos;

  • “E então nasceu uma menina” (sobre paternidade inesperada)
  • “Solidão” (reflexão filosófica)
  • “O louco e a lua” (poesia)
  • “Rosa Negra” (divulgação de talento local)

A meta inicial era alcançar 1.000 visualizações em 30 dias.

E por fim, me desdobrando em mil partes entre trabalho secular, pesquisas e a mais nova experiência… encontrei a resposta.


Os Números

TikTok

  • Paternidade: 127 visualizações (3 dias)
  • Solidão: 119 visualizações (4 dias)
  • Padrão: Todos os vídeos travavam entre 119-127 views
  • Engajamento: Baixíssimo
  • Conclusão: O algoritmo simplesmente não distribui conteúdo reflexivo

Kwai

  • Paternidade: 1.032 visualizações (24 horas)
  • Solidão: 1.042 visualizações (24 horas)
  • Padrão: Consistentemente ~1.000 views nas primeiras 24h
  • Engajamento: 130 curtidas (19,2% de taxa)
  • Meta: Alcançada em 1 dia (esperava 30)

Proporção: Kwai performou aproximadamente 8x melhor que TikTok.

Você talvez diga: os números da segunda plataforma são bem superiores ao da primeira, não é verdade?

Mas, vamos aos fatos:


A Descoberta Incômoda: Bots

Ao analisar as notificações do Kwai, percebi padrões suspeitos:

Sinais de comportamento automatizado:

  • Nomes como “theusg10”, “mlqq184”, “Osas578”, “tavvsq”
  • Perfis com fotos genéricas ou vazias
  • Apenas curtidas/compartilhamentos (nunca comentários específicos)
  • Horários espaçados mecanicamente

Estimativa conservadora: 60-80% das visualizações no Kwai eram bots.

Realidade ajustada:

  • Kwai: ~1.000 views → 300-400 humanos reais
  • TikTok: ~120 views → 100-120 humanos reais

Mesmo descontando bots, o Kwai ainda alcançava 3-4x mais pessoas reais. Isso é um fato!


Os Comentários (Poucos, Mas Reveladores)

Entre centenas de curtidas robóticas, alguns comentários genuínos apareceram:

Sobre paternidade:

“me arrependi da minha rejeição mas é difícil” ( se não for real, é um bot bem sentimental! – risos)

Sobre solidão:

“Os outros dizem que eu sou forte, só eu sei que eu tenho que passar”( esse apesar de parecer real, parece um bot bem resiliente!)

Esses momentos — raros, vulneráveis, humanos ou bots bem sentimentais — provavam que o conteúdo tocava quem realmente assistia.

Mas eram gotas no oceano de interações falsas.

Gotas incertas em um oceano real.


O Ambiente Tóxico

Além dos bots, percebi algo mais perturbador:

Kwai e TikTok são dominados por:

  • Fake news massivas (impulsionadas por bots partidários)
  • Discurso de ódio normalizado
  • Insinuações pornográficas disfarçadas
  • Polarização extrema (impossível ter diálogo com nuance)
  • Analfabetismo funcional (incapacidade de interpretar contexto)

Vamos ao passo três do Experimento;


Caso concreto: A Mecânica da Manipulação

Este episódio recente ilustra perfeitamente como funciona esse ecossistema tóxico.

O contexto:

O presidente, ao abordar o tema do tráfico de drogas, tentou argumentar sobre a relação entre consumo e mercado ilegal.

A fala foi mal articulada — como tantas declarações presidenciais ao longo da história brasileira — e rapidamente virou munição política.

A extrema direita investiu pesadamente em bots para amplificar e distorcer a declaração, transformando um erro de comunicação em trending topic manipulado.

Minha tentativa de diálogo:

Comentei em um dos perfis que exploravam o tema: “Presidentes brasileiros costumam dar declarações infelizes. Lembram quando outro presidente, durante a pandemia, ao ser questionado sobre o número de mortos, respondeu que não podia fazer nada porque ‘não era coveiro’?”

Meu ponto era simples e apartidário: todos os presidentes, independente de espectro político, cometem gafes públicas. Não estava defendendo nem atacando — estava pedindo coerência crítica e contexto histórico.

A reação:

Grupo 1 (partidários de extrema-direita):
Interpretaram minha comparação como “defesa” do presidente atual. Ataques imediatos, sem leitura atenta.

Grupo 2 (analfabetos funcionais):
Não entenderam a analogia. “Por que você está falando de coveiro?” — Incapacidade de conectar dois momentos históricos semelhantes.

Grupo 3 (bots):
Amplificaram automaticamente qualquer comentário que gerasse indignação, independente do conteúdo.

Grupo 4 (pensadores — raríssimos):
Silêncio. Minorias racionais não fazem barulho em ambiente de guerra algorítmica.

O que isso revelou:

Ninguém quis entender. Todos queriam lacrar.

O mundo dos algoritmos não há espaço para:

  • Comparações históricas (exigem memória)
  • Pensamento crítico equilibrado (não serve à polarização)
  • Nuance (algoritmos premiam preto-e-branco)
  • Diálogo (só existem trincheiras)

A mecânica da manipulação ficou clara:

  1. Declaração polêmica (real ou distorcida)
  2. Investimento em bots (milhares de perfis falsos repetem narrativa)
  3. Algoritmo amplifica (indignação = engajamento = lucro)
  4. Consenso artificial (parece que “todo mundo pensa assim”)
  5. Impossibilidade de contexto (quem tenta é atacado por ambos os lados)

Percebi naquele momento: não estou dialogando com pessoas. Estou alimentando máquinas de raiva projetadas para impedir pensamento.


O nível intelectual médio é baixíssimo. E não é acidente — é projeto sistêmico alimentado por algoritmos que premiam indignação, não reflexão.


A pergunta verdadeira não era: “Meu conteúdo funciona?”

Era: “Vale a pena?”


As Conclusões

1. Conteúdo reflexivo TEM espaço (tecnicamente)

  • Kwai prova que algoritmo pode distribuir
  • Pessoas reais podem se emocionar e comentar
  • Taxa de engajamento genuíno é alta (quando acontece)

2. MAS o espaço é contaminado

  • Inflado por bots (números falsos)
  • Tóxico por design (fake news, ódio, pornografia)
  • Insustentável financeiramente (custo > retorno)
  • Destrutivo emocionalmente (ambiente caótico)

3. O problema não é o conteúdo — é a plataforma

  • TikTok sufoca reflexão (algoritmo ultra-competitivo)
  • Kwai infla artificialmente (bots + sistema de recompensas)
  • Ambas priorizam viralidade sobre qualidade
  • Ambas são mercenárias (não há lealdade, gratidão ou memória)

4. Há outro caminho

  • Livros (permanentes, tangíveis, dignos)
  • Leitores de livro ≠ usuários de TikTok
  • Qualidade > quantidade
  • Paz mental > números inflados

A Decisão

Decidi desinstalar e abandonar definitivamente os aplicativos da experiência.

Vou deixar os vídeos postados — como garrafas lançadas ao mar. Quem se perder naquele caos e tropeçar numa reflexão, talvez encontre algo que o ajude a crescer.

Apenas desinstalarei os aplicativos.

Não com raiva. Não com frustração.

Com clareza.

Com a certeza de que a experiência valeu a pena.


Conclusão

Há sempre algo a aprender. E…

Sobre redes sociais:

  • São ferramentas, não comunidades
  • Algoritmos premiam o pior da humanidade
  • Números são ilusões (bots, manipulação, efemeridade)
  • Não se planta orquídeas em pântano

Sobre conteúdo reflexivo:

  • Tem valor — mas precisa do público certo
  • Comentários profundos > curtidas automáticas
  • 10 leitores atentos > 10.000 scrollers compulsivos
  • Livros são o formato correto para profundidade

Sobre mim:

  • Não preciso de aprovação algorítmica
  • Posso encerrar ciclos com dignidade

O Futuro

Vou focar no que importa:

✍️ Segundo livro: Crônicas do Cotidiano: Para Continuar a Estrada
(Sobre as mudanças que precisamos aceitar para continuar vivendo com qualidade)

🌐 Encerramento do site: Com dignidade, preservando memória cultural local, mas removendo contos e reflexões pessoais (que serão exclusivas do livro)

📖 Legado: Obra permanente, não posts efêmeros


Mensagem Final

Se você está lendo isso, provavelmente se pergunta a mesma coisa que eu me perguntei:

“Meu trabalho tem valor nesse mundo digital caótico?”

Resposta: Sim. Mas talvez não onde você está procurando.

Não desista do conteúdo. Desista da plataforma errada.

Não brigue com algoritmos. Construa algo permanente.

Não se contamine com toxicidade. Preserve sua paz.

A estrada é longa. Para continuar nela, às vezes precisamos mudar de caminho.


Gilson Cruz
Autor de “Crônicas do Cotidiano”
Iaçu, Bahia
2025


Nota técnica

Dados do experimento completo:

Métrica TikTok Kwai Proporção
Views médias 120 1.000+ 8,3x
Humanos reais (estimado) 100-120 300-400 3-4x
Bots (estimado) 10-20% 60-80%
Comentários genuínos 0-1 2-3
Taxa engajamento real <5% 10-15%
Custo emocional Médio Alto
Sustentabilidade Não Não

Conclusão científica: Conteúdo reflexivo alcança mais pessoas no Kwai, mas ambiente tóxico e inflação por bots tornam ambas plataformas inadequadas para trabalho sério de longo prazo.

Leia também: Discurso de Ódio nas Redes Sociais ‣ Jeito de ver

Brasil processa TikTok, Kwai e Meta em R$ 3 bilhões por exposição de menores nas redes | Tecnologia | Época NEGÓCIOS

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Vício Digital: A Armadilha dos Aplicativos

 

Imagem de Gary Cassel por Pixabay

Qual o seu bem mais valioso?

Imagine ter toda a riqueza do mundo e não ter tempo para usufruí-la.

Sim, tempo vale muito mais que dinheiro.

A falta de tempo dedicado à família tem produzido sociedades cada vez mais doentes, frágeis e instáveis.

Parte desse problema está ligada ao vício digital.

Vamos analisar este assunto.

Vício Digital: A Armadilha dos Aplicativos

O Impacto do Vício na Internet

O vício em aplicativos e redes sociais tornou-se uma preocupação crescente na sociedade atual. Plataformas como Instagram, Facebook, TikTok e X são projetadas para capturar e prender a atenção, o que leva muitas pessoas a um uso excessivo e, em vários casos, compulsivo.

Esse comportamento tem consequências significativas, afetando a saúde emocional, social e psicológica.

Um dos efeitos mais notáveis é a ansiedade. A necessidade constante de verificar notificações e atualizações provoca uma excitação emocional contínua, que se transforma em desgaste.

Pesquisas mostram que a exposição prolongada a estímulos digitais eleva o estresse e pode contribuir para transtornos de ansiedade.

Além disso, a pressão por manter uma imagem ideal nas redes alimenta a comparação e a insatisfação, fortalecendo um ciclo de insegurança.

Outro efeito comum é a solidão.

Paradoxalmente, redes que prometem aproximação podem gerar distanciamento.

A substituição de conversas reais por interações digitais empobrece os laços humanos. Relações presenciais tornam-se superficiais, e muitos acabam sentindo-se desconectados, mesmo cercados por uma rede virtual extensa.

Esse vício também compromete relacionamentos.

A distração constante dos dispositivos reduz a atenção em momentos sociais e familiares, prejudicando a comunicação e criando mal-entendidos.

Em muitos casos, o excesso de tempo diante da tela resulta em conflitos, ressentimentos e isolamento.


Como os Aplicativos Prendem a Atenção

O design das plataformas digitais não é aleatório. Empresas de tecnologia investem pesado em mecanismos capazes de prolongar o tempo de uso.

Uma das principais estratégias são os algoritmos personalizados.

Eles analisam cada clique, curtida e tempo de visualização para oferecer conteúdos alinhados ao perfil do usuário. Isso aumenta a chance de engajamento contínuo, mantendo a pessoa presa à tela por longos períodos.

Outro recurso poderoso são as notificações.

Sons, vibrações e alertas visuais acionam um senso de urgência. Mesmo longe do celular, muitos sentem a necessidade de conferir imediatamente o que chegou, criando uma rotina de checagem compulsiva ao longo do dia.

O design envolvente também desempenha um papel central.

Paletas de cores, animações, rolagens infinitas e botões estrategicamente posicionados são pensados para proporcionar prazer e estímulo visual. Cada detalhe é planejado para transformar o uso em hábito.

Essas estratégias combinam tecnologia, psicologia do consumidor e design de experiência.

O objetivo final é simples: manter o usuário conectado o maior tempo possível, aumentando as oportunidades de exibir anúncios e gerar lucro.


Histórias de um Vício

O impacto do vício digital aparece em situações cotidianas.

Em uma reunião de trabalho, um jovem executivo estava tão absorto em seu celular que não percebeu quando sua apresentação começou. Desprevenido, sua imagem profissional foi prejudicada. Um deslize aparentemente pequeno, mas que comprometeu sua carreira.

Em outro caso, durante um encontro social, uma jovem preferiu atualizar seu status em vez de conversar com amigos. O gesto foi interpretado como falta de consideração, gerando brigas e afastamento.

Na vida acadêmica, as consequências podem ser ainda mais severas.

Um estudante universitário, distraído constantemente com notificações, viu seu desempenho cair drasticamente. As notas baixas levaram a uma suspensão e a um quadro de ansiedade e depressão.

Esses exemplos mostram que o vício não se limita a um simples “passatempo exagerado”. Ele pode comprometer a vida pessoal, social e profissional de forma profunda.


Quem Lucra com o Vício

O vício digital não é apenas um fenômeno comportamental; é também parte de um modelo de negócios altamente lucrativo.

O tempo que passamos conectados é convertido em receita publicitária.

Quanto mais tempo navegamos, mais anúncios vemos. Os algoritmos, portanto, não são apenas ferramentas de personalização, mas instrumentos de prolongamento da atenção.

Relatórios recentes confirmam: o aumento do engajamento nas redes está diretamente ligado ao crescimento das receitas das empresas de tecnologia. Trata-se de um ciclo calculado, onde cada minuto diante da tela representa lucro.

Os influenciadores digitais também se beneficiam desse mecanismo.

Muitos produzem conteúdos que incentivam a permanência constante nas plataformas.

Com patrocínios, marketing afiliado e publicidade indireta, transformam engajamento em ganhos financeiros.

Essa engrenagem reforça o ciclo: quanto mais consumo digital, mais lucros para empresas e criadores.

Enquanto isso, o usuário, motivado por estímulos incessantes, permanece preso ao que deveria ser apenas uma ferramenta.


A Complexa Rede da Dependência

O vício digital mostra que a relação entre seres humanos e tecnologia é mais complexa do que parece.

As plataformas, que nasceram para conectar, acabaram criando novas formas de isolamento.

Ao mesmo tempo em que oferecem entretenimento, informação e interação, aprisionam em ciclos de ansiedade, comparação e consumo contínuo.

É claro que a tecnologia também trouxe avanços extraordinários.

Mas ignorar seus efeitos negativos seria fechar os olhos para um problema crescente. A reflexão se faz necessária: como estabelecer limites em um ambiente que foi projetado justamente para que não os tenhamos?

A resposta pode estar no equilíbrio.

Usar as redes com consciência, estabelecer pausas, buscar interações reais e cultivar momentos offline. Pequenos gestos podem ajudar a recuperar a autonomia diante de sistemas que exploram nossas vulnerabilidades emocionais.


Conclusão

O vício digital não é um problema individual, mas social.

Ele envolve usuários, empresas e influenciadores em uma engrenagem movida pelo lucro.

Se, de um lado, gera bilhões para a indústria, de outro corrói a saúde mental e as relações humanas.

Entender essa dinâmica é o primeiro passo para escapar da armadilha.

Afinal, a tecnologia deveria servir à vida, e não o contrário.

Leia também: A Importância do Amor Próprio e da Aceitação ‣ Jeito de ver

Todos os adolescentes são viciados em redes sociais?

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Influencers – Entre Likes e Manipulação

Uma análise crítica sobre a devoção cega a influenciadores digitais

Imagem de Pexels por Pixabay

Estamos emburrecendo ou estamos sendo manipulados? Uma análise crítica sobre a devoção cega a influenciadores digitais

O fenômeno dos influenciadores digitais

Nos últimos anos, a ascensão dos influenciadores digitais tem transformado a dinâmica da comunicação e do consumo de conteúdo.

Com o advento das redes sociais, esses indivíduos conquistaram um espaço significativo na vida cotidiana, atraindo uma audiência ampla e diversificada.

Estima-se que cerca de 90% dos usuários de redes sociais sigam, ao menos, um influenciador, o que evidencia o impacto dessas figuras sobre tendências de comportamento e consumo.

A habilidade de criar conexões emocionais com os seguidores é um dos principais fatores do sucesso dos influenciadores digitais.

Ao compartilharem experiências pessoais e autênticas, constroem uma sensação de comunidade e pertencimento, que frequentemente resulta em interações intensas e leais.

Esse fenômeno é impulsionado pela busca por validação social, na qual indivíduos buscam identificação e aprovação em relação ao conteúdo consumido.

Tais interações não apenas ampliam a visibilidade desses profissionais, mas também consolidam seu status como referências em áreas como moda, beleza, saúde e fitness.

Entretanto, a qualidade do conteúdo oferecido por influenciadores pode variar consideravelmente.

Enquanto muitos compartilham informações valiosas, outros se destacam por postagens superficiais e pouco relevantes. Essa banalização representa um desafio para os seguidores, que correm o risco de serem influenciados por narrativas frágeis.

Num contexto em que a quantidade tende a prevalecer sobre a qualidade, torna-se essencial desenvolver uma postura crítica em relação ao que se consome, distinguindo informações úteis de conteúdos vazios.

O papel da psicologia na adesão a comportamentos de consumo

A psicologia desempenha um papel crucial na compreensão dos comportamentos de consumo mediados pelas redes sociais e pela influência digital.

Três conceitos-chave ajudam a explicar essa dinâmica: identificação, conformidade e manipulação emocional.

A identificação ocorre quando os seguidores se veem refletidos nas vidas e experiências dos influenciadores, criando uma conexão emocional que frequentemente motiva comportamentos de compra, baseados no desejo de imitação ou associação com essas figuras carismáticas.

A conformidade revela como os indivíduos tendem a adotar comportamentos ou crenças predominantes em seu grupo social.

Influenciadores exploram essa tendência ao promover produtos como “tendências” ou escolhas de estilo de vida desejáveis.

A pressão implícita — “todos estão fazendo isso” — leva muitos a se sentirem compelidos a seguir o exemplo, mecanismo amplamente utilizado no marketing de influência.

a manipulação emocional é uma tática poderosa para manter a atenção e a lealdade dos seguidores.

Por meio de narrativas que evocam emoções como alegria, nostalgia ou insegurança, os influenciadores conectam produtos a sentimentos pessoais, estimulando a ação e fortalecendo o vínculo afetivo com sua audiência.

Exemplo disso são histórias pessoais associadas a produtos, que tornam a experiência de compra mais envolvente e significativa.

Consequências da falta de conteúdo relevante

A crescente valorização de conteúdos superficiais promovidos por influenciadores digitais tem gerado preocupações sociais e culturais.

Um dos principais efeitos é a diminuição das habilidades de pensamento crítico, à medida que muitos consumidores aceitam informações sem questionar sua validade.

Isso favorece uma sociedade mais vulnerável à desinformação e à manipulação, na medida em que a capacidade de avaliação crítica é desvalorizada.

Além disso, a banalização de temas que exigem tratamento sério — como questões sociais, políticas e ambientais — é uma realidade inquietante.

Quando influenciadores priorizam conteúdos voltados apenas para o entretenimento imediato, discussões relevantes são obscurecidas, resultando em menor engajamento cívico e numa população menos informada e atuante.

Outro impacto relevante ocorre na formação da identidade de jovens e adolescentes, frequentemente expostos a padrões de vida irreais e consumistas.

A busca incessante por validação e aceitação nas redes sociais pode provocar crises de identidade, levando à perda de autenticidade e individualidade.

Essa dependência emocional pode comprometer a saúde mental, favorecendo quadros de ansiedade, depressão e insatisfação pessoal. Assim, ao negligenciar conteúdos mais edificantes, corre-se o risco de perpetuar um ciclo prejudicial ao bem-estar social e psicológico.

A necessidade de regulamentação e responsabilidade

A crescente influência dos influenciadores digitais alimenta um debate urgente sobre regulamentação e responsabilidade na publicidade online.

Com mais pessoas, especialmente jovens, dedicando tempo às plataformas digitais, aumenta a preocupação com práticas enganosas e falta de transparência, que podem induzir decisões de consumo pouco informadas.

Diante desse cenário, é imprescindível a implementação de legislações que exijam clareza nas publicidades realizadas por influenciadores.

Marcas e criadores de conteúdo devem ser responsabilizados por divulgações que não deixam evidente seu caráter promocional.

A transparência é fundamental para que os consumidores compreendam a natureza das mensagens que recebem.

Além disso, regulamentações podem estabelecer diretrizes específicas sobre a responsabilidade dos influenciadores quanto ao conteúdo compartilhado, considerando a veracidade das informações e o impacto potencial sobre a saúde e o bem-estar dos seguidores.

É necessária a construção de um código de ética que defina padrões para proteger os consumidores, especialmente os mais vulneráveis, dos riscos da desinformação e das promessas ilusórias.

Somente com a colaboração entre empresas, influenciadores, plataformas digitais e órgãos reguladores será possível criar um ambiente digital mais seguro, transparente e responsável.

Leia também: Qual o preço de uma amizade? ‣ Jeito de ver

Perigo nas redes sociais – como o se proteger

 

Facebook, Instagram, Twitter, X (o antigo Twitter), BlueSky, WhatsApp, WeChat, TikTok, LinkedIn… são nomes de algumas redes sociais populares.

Bilhões de pessoas as utilizam diariamente, pelos mais variados motivos.

Seja para saber as novidades sobre famosos, conhecidos, desconhecidos, extraterrestres ou mesmo para atualizar as próprias novidades.

Todos sabem que as redes sociais foram criadas com o nobre objetivo de gerar lucro para seus criadores e que, por meio de algoritmos, influenciam modos e tendências.

Mas este não é o assunto principal deste post.


O ódio por trás das telas

Muitos predadores morais, incapazes de ter ou demonstrar qualquer empatia, covardes que se escondem atrás de telas de computadores ou smartphones, com IPs alterados, fazem uso das redes sociais com objetivos perversos:

Destruir reputações, tecer comentários maldosos e doentios na intenção de desestabilizar inocentes ou, talvez, criticar nos outros aquilo que não sabem fazer, ou o talento e a beleza que sabem que não possuem.

A falta de amor próprio é projetada em forma de palavras de ódio contra qualquer outra pessoa.

Na ocasião da morte do cantor e compositor Adam Schlesinger, vítima da Covid-19, aos 52 anos, um dos comentários de leitores dizia: “Nunca ouvi falar”.

Bem, há um monte de cantores e compositores bons que, infelizmente, passaremos a vida sem conhecer.

Talvez o nobre leitor do comentário acima tenha procurado posteriormente informações sobre o artista, tenha chegado à trilha sonora do filme The Wonders – O sonho não acabou e, quem sabe, a curiosidade o tenha levado à banda Fountains of Wayne.

Talvez tenha gostado, talvez não — isso realmente não importa!

O fato de alguém não conhecer ou não gostar de determinado estilo ou cantor não torna insignificante a obra do artista para aqueles que a apreciam.

A música That Thing You Do foi indicada ao Oscar em 1997.


Outras situações…

Em 2021, dois amigos faziam brincadeiras em que conversavam e simulavam o início de um beijo, que não acontecia.

Os haters — nome dado aos que espalham ódio por meio das redes sociais — lançaram críticas doentias e ferozes ao jovem que, devido à pressão, cometeu suicídio aos 16 anos.

Em 2013, na Flórida, EUA, uma jovem de 12 anos atirou-se de uma plataforma de uma fábrica de cimento abandonada, após ser cruelmente atacada por mensagens e aplicativos de fotos.

Os ataques, que culminaram nesta tragédia, duraram mais de um ano.

Lamentavelmente, pouco tem sido feito para combater discursos de ódio e fake news, uma vez que redes sociais são criadas para gerar lucro, e relatos perversos, sensacionalistas e mentiras geram engajamento.

Perfis falsos são permitidos pela maioria das plataformas.

As fake news se espalham 70% mais rápido do que notícias verdadeiras — ‘Fake news’ se espalham 70% mais rápido que notícias verdadeiras, diz MIT (correiobraziliense.com.br).

Discursos de ódio e posts de raiva geram cliques — Posts de raiva são os que mais geram cliques e engajamento nas redes sociais — Giz Brasil (uol.com.br).


Dilema moral?

O dilema moral em que se encontram as redes sociais é o mesmo das grandes empresas da mídia tradicional, seja televisiva ou impressa, quando se trata de noticiar fatos de corrupção envolvendo grandes anunciantes.

— O que seria mais importante que o lucro? A verdade?

Irremediavelmente, a maioria decide pelo lucro!

Atualizar termos de uso não tem mostrado ser a solução.

Alguns pais decidem limitar ou até proibir que seus filhos façam uso das redes sociais.

As famílias devem decidir. Sem pessoas, as redes acabam; portanto, limitar o acesso ou mesmo parar de usar (o que muitas vezes é quase impossível!) reduziria os lucros e forçaria uma mudança mais efetiva.

Apenas prejuízos financeiros fazem as corporações repensarem seus métodos e objetivos.

Enquanto a mudança não acontecer, haverá sempre predadores morais, criminosos, doentes prontos a envenenar e até mesmo matar sonhos e reputações.

Leia mais em: “Notícias na Era Digital (Viés e informação) ‣ Jeito de ver

 

 

 

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.