A Cultura da Tortura: Análise

Ilustração de um instrumento de tortura.
Cadeira de tortura

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A Cultura da Tortura: Da Inquisição às Investigações Policiais

Vamos refletir, neste post, sobre a cultura da tortura — seu surgimento, a figura dos falsos heróis e os paralelos entre práticas inquisitoriais e as caças às bruxas.

Enquanto alguns ainda tentam justificar a tortura como método de interrogatório, outros questionam sua eficácia e legitimidade. Afinal, haveria alguma justificativa real para sua aplicação?

A proposta aqui é simples: compreender, de modo direto, como essa cultura se perpetuou ao longo do tempo — inclusive em regimes como o nazismo — e como tantos torturadores se ampararam na ideia de que apenas “cumpriam ordens”.

Franz Stangl, comandante do campo de extermínio de Treblinka, disse certa vez em uma entrevista:

“Minha consciência está limpa. Eu estava simplesmente cumprindo meu dever…”

A Reação e o Clamor por Justiça

A reação imediata à barbárie é o clamor por justiça. A ausência de punição gera revolta.

É muito comum ouvirmos relatos de pessoas que decidiram “fazer justiça” com as próprias mãos, por meio de linchamentos.

Programas de televisão populares entre 1980 e 2010 exploravam crimes terríveis com sensacionalismo, apresentando histórias de forma a fazer o telespectador sentir a injustiça vigente no país.

Diante deste cenário, as pessoas clamam por mudanças.

Daí surgem falsos heróis, repetindo padrões históricos de séculos e séculos.

Na ânsia de “solucionar rapidamente” um crime e satisfazer o desejo de sangue da população, métodos cruéis foram aplicados em muitos inocentes.

Falsos Heróis

Este é um trecho do texto presente no livro
Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver
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Leia também: Contos de fadas – Um novo jeito de ver! ‣ Jeito de ver

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Contos de fadas – Um novo jeito de ver!

O que há por trás dos Conto de fadas.

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A magia dos contos de fadas

Quem nunca ouviu um daqueles contos que começam alegres, passam por desastres, enfrentam o confronto entre o bem e o mal, trazem uma reviravolta e terminam com um desfecho feliz?
Os contos de fadas nos transportam para mundos de fantasia e nos dão a esperança de que tudo acabará bem. No entanto, muitas dessas histórias têm sido reimaginadas ao longo do tempo, com personagens que assumem características distintas das versões clássicas. Por exemplo, a Branca de Neve já não é mais a figura indefesa das versões da Walt Disney, e o Pinóquio deixou de ser o menino de madeira ingênuo de antes.

Essas mudanças causam estranheza a alguns, mas elas refletem a adaptação dessas histórias às diferentes épocas. Muitas dessas narrativas têm raízes em lendas antigas e, ao serem reinterpretadas, permanecem vivas e relevantes. Além disso, ajudam a compreender o contexto histórico em que foram concebidas.


Bruxas e a história por trás das lendas

Ao analisar contos de fadas, percebemos como eles capturam aspectos culturais e históricos. A figura da bruxa, por exemplo, remonta à Idade Média, quando mulheres independentes ou conhecedoras de práticas medicinais eram perseguidas. Estudiosos estimam que cerca de 50 mil mulheres foram executadas por acusações de bruxaria, muitas delas queimadas vivas (Lista de pessoas executadas por acusação de bruxaria).

Essas mulheres, frequentemente parteiras, enfermeiras e detentoras de conhecimentos medicinais, eram vistas como ameaças à ordem social. Segundo o Portal Catarinas, essas mulheres representavam a única opção de cuidados médicos para muitas comunidades. Além disso, aprendiam umas com as outras e transmitiam seus saberes às novas gerações (A “caça às bruxas”: uma interpretação feminista – Portal Catarinas).

De acordo com Ehrenreich e English (1984, p. 13), o estereótipo da bruxa incluía tanto mulheres idosas e mentalmente instáveis quanto mulheres jovens e atraentes, que poderiam despertar desejos ou desafiar o poder dos homens da época. A narrativa medieval das bruxas reflete o terror imposto pela classe dominante e o desprezo pela força feminina.


Cinderela e as múltiplas versões do mesmo conto

Um dos contos mais conhecidos, Cinderela, revela nuances interessantes quando analisado sob diferentes perspectivas. Popularizada pela Walt Disney, a história da jovem órfã que encontra o amor do príncipe graças a um sapatinho de cristal é uma adaptação de versões mais antigas, nem sempre tão encantadoras.

Na versão dos irmãos Grimm, por exemplo, as irmãs de Cinderela chegam a cortar partes de seus pés para caber no sapato. Já na narrativa chinesa de Yeh-Shen, datada da Dinastia Tang, a protagonista conta com a ajuda de um peixe mágico e perde um sapatinho em um festival, evocando a tradição dos pés pequenos na China.

Essa prática, iniciada na Dinastia Song, causava deformações dolorosas nos pés das mulheres e refletia ideais de beleza restritivos. Analisar essas histórias nos ajuda a compreender os valores culturais de diferentes épocas e as dificuldades enfrentadas por aqueles que viviam sob esses padrões.

Veja também Junho – Da mitologia à modernidade ‣ Jeito de ver

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.