Apenas mais um dia de campanha…

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

É cedo e alguém no fim da rua lembrou que ainda havia um daqueles foguetes da festa da democracia da noite passada.

Bem, meus tímpanos perfurados não ficaram felizes com os picos de 118 decibéis das cornetas dos carros — sim, falei carros — que passaram em frente à minha casa, assim como também minha pobre cachorrinha quase infartou.

Pois é, os cães não suportam sons altos.

Imagine então os pobres cachorrinhos de rua; não tente imaginar, deve ser difícil. São apenas cachorros.

Enquanto isso, uma fala indecifrável e rouca repete comandos que mais irritam do que encorajam!

É estranho como mostrar força numa campanha se relaciona mais com a intimidação (que nos remete aos belos tempos de bullying escolar…) do que com planos de governo. Não amadurecemos muito nesse aspecto!

E de repente, sem querer nem forçar a barra, me sinto de volta aos tempos em que não havia microfones e alto-falantes modernos e os candidatos se esgoelavam de modo a serem alcançados por todos os ouvintes…

E apesar da modernidade, vejo candidatos gritando desesperadamente nos microfones, e antes que você se diga: “Gritar é necessário para estimular os eleitores…” — já imaginou este tipo de estímulo dentro de casa?

Bem, para ser eloquente e entusiástico não é preciso se esgoelar; um pouco de modulação no tom do discurso teria um efeito mais positivo.

Mas, enquanto escrevo, um amigo diz: “Isso é política!”

Não posso concordar. A arte da negociação e dos debates de propostas, sem as baixarias atuais no mundo inteiro, a definiria melhor.

E enquanto tento argumentar, uma bomba explode próximo ao meu ouvido, já doente, enquanto os cachorrinhos acuados se encostam, tremendo, nas paredes como se tentassem atravessá-las.

Minha amiguinha de quatro patas se encolhe na poltrona.

Mas, quem se importa?

Ninguém se importa com os cachorrinhos.

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Comentário (2)

  • Adenilson Jr.| 4 de setembro de 2024

    Excelente percepção meu amigo, compartilho dos mesmos sentimentos, acrescentaria além dos animais que tem os tímpanos sensíveis, também as pessoas portadoras de Síndrome de Down, que tem hipersensibilidade a ruidos, o pessoal não respeita os horários e nem mesmo os limites de altura de som, lastimável.

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