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Os perigos das Teorias da Conspiração

Image by Markus Winkler from Pixabay

Hoje em dia, quem não está familiarizado com uma teoria da conspiração ou até mesmo se viu tentado a acreditar nelas?

Neste post, vamos explorar a história e algumas teorias, além de discutir por que tantas pessoas acreditam nelas. Por exemplo, você estava ciente de que a desconfiança nas instituições contribui para a disseminação dessas teorias?

Você sabia que o desejo de exclusividade e notoriedade também influencia na crença e propagação dessas teorias, mesmo sem evidências concretas?

Prossigamos com a história:

Teorias da conspiração são hipóteses que sugerem que eventos significativos ou situações complexas resultam de conspirações secretas, muitas vezes envolvendo governos, organizações ou grupos de influência, com motivações políticas e intenções opressoras.

O termo foi mencionado pela primeira vez em um artigo de 1909 na revista The American Historical Review.

Desde a década de 1960, o termo começou a ser usado para descrever explicações que invocam conspirações sem fundamento, muitas vezes propondo hipóteses que vão contra o entendimento geral dos eventos históricos ou dos próprios fatos.

Uma característica comum das teorias da conspiração é a sua habilidade de se moldar para incluir evidências contrárias, tornando-as incontestáveis e, de acordo com Michael Barkun, “uma questão de fé, não de evidência”.

Mesmo frequentemente contradizendo evidências científicas, elas ainda atraem seguidores.

Os motivos para isso incluem:

Identidade Social: O fascínio por teorias conspiratórias pode originar-se do anseio de pertencer a um grupo distinto, o que confere um sentido de inclusão e identidade.

Desejo de Singularidade: O anseio por se sentir especial ou excepcional pode levar à crença em teorias da conspiração, especialmente pela ideia atraente de estar “acordando” para verdades escondidas.

Desconfiança nas Instituições: O ceticismo em relação às instituições estabelecidas pode levar à procura por explicações alternativas.

Emoções e Sensacionalismo: Teorias da conspiração apelam para emoções fortes, como medo, raiva e curiosidade, sendo mais cativantes que as explicações convencionais.

Busca por Significado: Para tentar compreender eventos complexos, as pessoas podem se voltar para teorias da conspiração, que fornecem narrativas simplificadas para fenômenos misteriosos.

Em um artigo de 2013 na Scientific American Mind, o psicólogo Sander van der Linden forneceu evidências de que: (1) quem acredita em uma teoria da conspiração tende a acreditar em outras, mesmo que sejam contraditórias; (2) a crença em conspirações pode estar ligada à paranoia e esquizotipia; (3) ideias conspiratórias podem diminuir a confiança nos princípios científicos; e (4) acreditar em conspirações faz com que as pessoas percebam padrões que não existem. Van der Linden denominou isso de ‘O Efeito Conspiratório’.

Algumas teorias da conspiração populares na internet incluem:

O HAARP* é frequentemente citado em teorias da conspiração relacionadas a fenômenos celestiais, sendo acusado de causar eventos climáticos incomuns e desastres naturais. No entanto, especialistas esclarecem que o HAARP não possui capacidade de influenciar o clima, já que seu foco é a ionosfera, uma camada elevada da atmosfera terrestre que não afeta o clima nas altitudes mais baixas.

A teoria do Projeto Blue Beam, proposta pelo jornalista canadense Serge Monast, alega que a NASA e a ONU estariam trabalhando juntas para criar ilusões holográficas tridimensionais no céu e sons de baixa frequência para simular uma invasão extraterrestre.

Monast previu que o Blue Beam seria lançado inicialmente em 1983, depois em 1995 e, finalmente, em 1996, alcançando sucesso por volta do ano 2000.

A teoria sugere que o objetivo seria instaurar uma dominação global, promovendo a aceitação de um governo totalitário e uma religião única, estabelecendo assim uma Nova Ordem Mundial.

No entanto, é importante lembrar que o Projeto Blue Beam é apenas uma teoria da conspiração sem evidências concretas que a sustentem.

Exemplos de teorias que se confirmaram verdadeiras:

União Soviética: O regime tentou eliminar do registro histórico certas personalidades, adulterando fotos, destruindo filmes e, em situações extremas, eliminando famílias inteiras.

Al Capone: Conhecido por manter uma fachada de empresário respeitável, teve sua imagem manchada pelo Massacre do Dia de São Valentim, que revelou seu império do crime e abalou a reputação de Chicago. Apesar de estar em sua casa de férias em Miami no momento do massacre, foi considerado o principal suspeito.

Testes de Pílulas Anticoncepcionais: Nos anos 50, entidades privadas e o governo dos EUA realizaram testes das primeiras pílulas anticoncepcionais em mulheres pobres e desprotegidas em Porto Rico.

Projeto MKULTRA: Um programa clandestino e ilegal da CIA que realizava experimentos em humanos para encontrar substâncias e técnicas para interrogatório e tortura, incapacitando indivíduos e induzindo confissões por meio de controle mental.

Operações de Narcotráfico da CIA: Provas apresentadas ao Congresso dos EUA sugerem que a CIA esteve envolvida com grupos de narcotraficantes, oferecendo apoio logístico e material em troca de permitir suas operações ilícitas.

Teorias da conspiração populares na atualidade:

Terra Plana: Apesar de terraplanistas afirmarem que a Terra é um disco plano cercado por uma barreira de gelo, provas científicas robustas confirmam sua forma esférica.

Jesus Casado e com Filhos: Inspirada em obras como “O Código Da Vinci”, essa teoria sugere que Jesus teria se casado com Maria Madalena e tido descendentes, o que vai contra a doutrina católica.

A Aterrissagem na Lua foi Encenada: Alguns acreditam que a NASA forjou a aterrissagem lunar de 1969, mas evidências fotográficas e científicas comprovam que ela realmente aconteceu.

Elvis Presley Está Vivo: A teoria de que Elvis Presley simulou sua própria morte e vive disfarçado persiste, apesar de não haver provas concretas após décadas.

O Vírus HIV Criado em Laboratório: Há teorias que afirmam que o HIV foi criado como uma arma biológica, contudo, a ciência aponta para uma origem natural do vírus.

Illuminati e o Controle Mundial: A teoria dos Illuminati fala de uma sociedade secreta que manipula líderes globais, uma ideia que se popularizou na cultura de massa.

Conspirações do 11 de Setembro: Existem várias teorias sobre os ataques de 11 de setembro, incluindo a de explosões planejadas e envolvimento do governo, mas investigações oficiais refutam essas alegações.

Embora algumas teorias da conspiração se baseiem em fatos reais, muitas carecem de suporte evidencial.

Manter um pensamento crítico e buscar informações verídicas são essenciais para não sucumbir a teorias da conspiração infundadas.

O Papel das Redes Sociais e a educação midiática

As redes sociais desempenham um papel crucial na disseminação de teorias da conspiração. Aqui estão algumas maneiras de como isso acontece:

Algoritmos de Recomendação: Plataformas de mídia social usam algoritmos para sugerir conteúdo aos usuários. Se alguém interage com conteúdo conspiratório, o algoritmo pode continuar a mostrar mais do mesmo, criando uma bolha de informações.

Câmaras de Eco e Viés de Confirmação: As redes sociais tendem a agrupar pessoas com opiniões semelhantes, criando câmaras de eco onde teorias da conspiração se espalham com facilidade.

Desinformação Viral: Teorias da conspiração, muitas vezes sensacionalistas, capturam a atenção e se propagam rapidamente através do compartilhamento.

Anonimato e Desinibição: O anonimato nas redes sociais pode encorajar a expressão de ideias que muitos não diriam pessoalmente, incluindo teorias da conspiração.

Influenciadores e Celebridades: Quando figuras públicas compartilham ou endossam teorias da conspiração, seus seguidores podem ser influenciados a acreditar nessas narrativas.

Memes e Conteúdo Visual: Teorias da conspiração são frequentemente simplificadas em memes ou vídeos curtos, que são compartilhados com facilidade.

Falta de Verificação de Fatos: A falta de fact-checking nas redes sociais facilita a circulação de teorias da conspiração.

Para enfrentar teorias da conspiração, é vital promover educação midiática, checar fontes e exercer um ceticismo saudável ao navegar conteúdo online.

A base das teorias e a Psicologia

Teorias de conspiração são comumente projetadas para serem à prova de refutação, reforçadas por um raciocínio circular: evidências contrárias e a ausência de provas a favor são muitas vezes interpretadas como confirmação da teoria.

Pesquisas ligam a adesão a teorias de conspiração com uma desconfiança geral nas autoridades e um cinismo político.

Alguns estudiosos sugerem que a crença em conspirações pode ser prejudicial psicologicamente ou até patológica, associada a uma menor habilidade de pensamento analítico, inteligência limitada, projeção psicológica, paranoia e maquiavelismo.

Psicólogos frequentemente veem a crença em teorias de conspiração como ligada a condições psicopatológicas como paranoia, esquizotipia, narcisismo e insegurança no relacionamento, ou a um viés cognitivo chamado “percepção de padrões ilusórios”.

No entanto, uma revisão de estudos de 2020 sugere que a maioria dos cientistas cognitivos não vê a crença em conspirações como algo patológico, já que é um fenômeno comum tanto em culturas históricas quanto contemporâneas, podendo ser um reflexo de tendências humanas naturais como a fofoca, coesão social e religiosidade.

Isso se relaciona com a apofenia, o fenômeno mental de perceber conexões em dados aleatórios, o que leva a conclusões tiradas de evidências insuficientes.

AS TEORIAS DA CONSPIRAÇÃO E A HISTÓRIA

Ao longo da história, as teorias da conspiração têm sido vinculadas a preconceitos, propaganda, caça às bruxas, guerras e genocídios.

Elas serviram de motivação para atos terroristas e foram usadas para justificar ações de indivíduos como Timothy McVeigh e Anders Breivik, bem como de governos como o da Alemanha Nazista, União Soviética e Turquia.

A negação da AIDS pelo governo sul-africano, sob influência de teorias conspiratórias, resultou em cerca de 330.000 mortes.

Movimentos como QAnon e a negação dos resultados eleitorais nos EUA em 2020 levaram ao assalto ao Capitólio.

A desconfiança em alimentos geneticamente modificados fez com que a Zâmbia rejeitasse ajuda alimentar durante uma crise de fome, afetando três milhões de pessoas.

As teorias da conspiração são barreiras significativas ao progresso da saúde pública, promovendo resistência à vacinação e à fluoretação da água, e estão associadas a surtos de doenças que poderiam ser prevenidas por vacinas.

Entender a história é fundamental para reconhecer os perigos de acreditar e propagar teorias conspiratórias.

As teorias conspiratórias não estimulam o senso crítico, mas sim um falso senso de exclusividade, de possuir conhecimentos que outros ignoram, e as redes sociais, através dos algoritmos, alimentam essa percepção.

É essencial que o leitor tenha senso crítico. Se algo soa demasiadamente extraordinário para ser verdade, provavelmente não é verdade.

Se algo parece beneficiar um grupo específico ou enriquecer alguém, é prudente desconfiar, investigar e não disseminar sem antes verificar.

Entender a história é fundamental para reconhecer os perigos de acreditar e propagar teorias conspiratórias.

Agora, com licença, preciso conversar um pouco com o Elvis…

Veja também: Por que muitos compartilham fake news? ‣ Jeito de ver

Fonte: Wikipedia

Verdadeiro ou falso? 13 teorias conspiratórias em que muita gente acredita | Noticias | EL PAÍS Brasil (elpais.com)

*Project HARP, sigla de “High Altitude Research Project” ( Projeto de pesquisa em alta altitude).

 


Descubra mais sobre Jeito de ver

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Comentário (2)

  • Nilmar| 29 de junho de 2024

    Esse final me quebrou kkkkk
    Com certeza Elvis conhece bem sobre teorias da conspiração.
    Realmente,a busca por exclusividade leva a caminhos de conhecimento sem exatidão. Teorias da conspiração quando citadas historicamente, com certeza devem ser citadas. Mas só devem ser tratadas como verdade absoluta após confirmadas. Checar a veracidade de toda informação é o mínimo a ser feito

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