O louco e a lua (Contos de solidão)

O louco e a lua

Iluminado, sob um céu estrelado, ele se perdia entre o brilho da lua e das estrelas e o sopro do vento norte.
As pessoas diziam: “É um louco”, pois com as mesmas velhas roupas sujas, maltrapilhas, e um bastão castigado pelos anos, vivia o seu dia a andar pelas ruas da cidade.
Todos sabiam o seu nome, mas os anos pareciam não passar.

Ninguém percebia em sua face um novo traço ou em seus cabelos uma nova cor, mas sabiam que dia após dia, pelas ruas da cidade estaria ele, caminhando lentamente, como que contando seus passos…
… pois talvez não houvesse histórias pra contar.

Mas, por quanto tempo ele esteve lá?
Quantas vezes presenciou o nascer e o pôr do sol? Ou quantas estrelas conseguiu contar?
Talvez soubessem de onde veio, mas onde iria?
Ria ao sentir-se amado e irritava-se quando se sentia ameaçado.
Queria saber as horas… mas, para quê?
Sem passado pra contar, qual seria seu futuro?

Talvez buscando esse futuro saiu pelas ruas, olhando as estrelas pela última vez.
E as pessoas, ao acordarem da paz de seus sonhos, viam uma rua vazia… cheia de pessoas vivendo a pressa de seus dias.
Onde está ele?
Perguntaram-se no abrigo de seus lares, enquanto a lua vigiava o silêncio esquecido do louco que a amava.

E os dias se passaram…

Não se formaram grupos de buscas como em sociedades organizadas, é verdade. Mas todos queriam saber.
E foi sob o sol de inverno, vazio de lembranças e de pensamentos, que o encontraram.

Todos se lembraram dele.
Escreveram mensagens de conforto a uma família de que não se ouvia falar.
Muitos choraram nas ruas.

E nos dias que se seguiram, procurando e enviando preces desde o abrigo de seus lares, receberam o desfecho da história do louco…
Mas, que apenas a lua viu.


Leia também: Pobre Pedro ( e o tempo que passou.) ‣ Jeito de ver


📖 Acabei de lançar Crônicas do Cotidiano – Um Novo Jeito de Ver! Um livro com poesias, reflexões e histórias que celebram a cultura e a alma brasileira. Cada compra ajuda a manter meu site Jeito de Ver vivo! Apoie: https://www.amazon.com.br/dp/B0FSGMPHGY 🌟 #LiteraturaBrasileira #Poesia

💛 Se você gosta do conteúdo e quiser apoiar para que o projeto continue, pode contribuir com qualquer valor pelo Pix: jeitodever2023@gmail.com

Mas, apenas a lua viu. A lua testemunha.

Imagem de Bruno por Pixabay

Poema ao início do Inverno

Poema ao início do Inverno.

Imagem de dmarr515 por Pixabay

Gilson Cruz

Os passarinhos se escondem

abraçados em seus ninhos

E o sol frio, da última manhã do Outono

ainda ilumina os caminhos

E sigo só,

sigo o Sol

e a luz no orvalho das folhas

como uma melodia em Dó

Me faz dó,

Me traz a dor do vazio

do que era a esperança,

o aconchego

mas, que se esconde, no frio…

E a saudade aumenta

enquanto a folha cai

e levada pelo vento

sem rumo, não vem, não vai.

Enquanto os passaros ensaiam

ao leste breve estadia

Meus pensamentos divagam

em busca de alegria.

Da presença da amada

no triste frio, do inverno

Do riso, ardente, sereno

e abraços meigos e ternos…

Leia também O pequeno mundo de Lis ( Poema à Felicidade) ‣ Jeito de ver

© Gilson da Cruz Chaves – Jeito de Ver Reprodução permitida com créditos ao autor e ao site.