Praça Honesto dos Santos – Uma crônica

"Praça Honesto dos Santos - Uma crônica" - Uma história pra contar nas praças.

Imagem de Ofoto Ray por Pixabay

A cidade estava agitada com a chegada das novas eleições.

O cenário era de Copa do Mundo, ruas enfeitadas com santinhos e cartazes daqueles rostinhos que nem Photoshop e nem promessas de campanha conseguiriam harmonizar.

Mas, dessa vez, havia um probleminha: eram dois candidatos muito queridos pela população e, o pior, eram honestos e conseguiram grandes avanços na educação, saúde e empregos.

A população comemorava, mas estava angustiada por causa das dúvidas.

E agora: os dois candidatos à reeleição são exatamente idênticos, conseguiram os mesmos números, não perseguiram adversários políticos e dividem exatamente a mesma quantidade de votos válidos. Não é empate técnico, é exatamente um empate!

Os jornais da cidade não sabiam a quem difamar, isto é, favorecer — não me entendam mal.

Ambos candidatos eram idôneos, e qualquer calúnia significaria o fim do jornal, pois a população consciente não mais consumiria quem propagasse notícias falsas.

O locutor da cidade estava confuso… nunca em sua história estivera impedido de caluniar… isto é, inventar novos fatos.

As praças públicas em dias de comícios pareciam encontros de amigos, pois mesmo que discordassem quanto à opção, todos tinham esse direito!

As canções irritantes de outros períodos eleitorais, de cantores que desperdiçavam seus talentos em canções que irritavam adversários, foram substituídas por versos de campanha.

Pareciam mais promessas religiosas…

E nesta cidade, os candidatos passeavam em praças públicas, não como deuses hipócritas, mas como humanos capazes de enxergar as dificuldades das pessoas.

E agora, quem seria o eleito? Quem venceria a eleição? Não importava quem seria o eleito, a cidade ganharia.

E assim se deu.

No dia da eleição, o morador mais velho da cidade faleceu e, com ele, o voto do empate.

E em sua homenagem, o novo prefeito, o escolhido, inaugurou uma nova praça: Honesto dos Santos. E as pessoas de outras cidades caminham por ela, distraídas… sem entender o porquê da história.

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