As ruas estão cheias de cachorros!
Me surpreende que, em um desses dias, encontrei uma gangue composta de mais de 12 cães andando pelas ruas, aterrorizando as latas de lixo indefesas, em busca de alimento!
Passaram por mim e nem me deram bola… seguiram determinados em seus caminhos!
Passei a me lembrar de uma dessas histórias que acontecem e mudam as nossas vidas…
Precisamente, no dia 19 de fevereiro de 2019, enquanto trabalhava em um bairro distante, encontrei uma cachorrinha, SRD, deitada junto ao meio-fio.
Ela estava desnutrida, frágil, cheia de pulgas, carrapatos e verminoses – não conseguia levantar de tão fraca que estava!
Pedi um pano a um vizinho, envolvi-a com delicadeza para não machucá-la e a levei para casa. Minha filha, então com dez anos de idade, deu-lhe o nome de Jennya.
Uma sobrinha experiente em cuidados com animais retirou pacientemente os carrapatos e deu-lhe um banho para eliminar as pulgas.
As perninhas fracas, a falta de vontade de se alimentar e o diagnóstico da veterinária: “Ela está praticamente sem sangue!”
Além dos remédios e alimentação, aquela criaturinha exigia bastante tempo!
E enquanto era pequenina, ao recuperar as energias, corria atrás da bola pela casa, escondia meus sapatos e me observava enquanto eu escrevia textos no velho computador.
Criaturinhas pequenas costumam ser lindas e despertam em nós aquele amor por um ser tão ingênuo e desajeitado!
Mas, bichinhos crescem e desenvolvem traços de personalidade! E costumam exigir atenção!
Mas, por quê? Cachorrinhos amam incondicionalmente!
Eu não entendia e, depois de um certo tempo, pensei em doá-la para quem tivesse melhores condições de cuidar da jovem Jennya!
A casa bagunçada, os pulos quando eu retornava do trabalho… não pareciam ter a mesma graça!
Até que um de meus irmãos me explicou o quanto os cachorros ficam tristes quando perdem o seu lar.
Sim, cachorrinhos têm sentimentos!
Demovido da ideia de doá-la, passei a entender o quanto ela gostava de estar em nossa companhia e voltei a achar engraçado que, muitas vezes, ela só queria um afago na cabecinha.
E aqueles cães, nas ruas, procuravam alimento durante o dia e, nas noites da cidade, dormiam em cantos improvisados para se esconderem do frio e da chuva! Alguns deles se recusavam a aceitar afagos, pois a rejeição traumatiza até os cachorros…
Eles não nasceram grandes e receberam cuidados até uma certa idade, mas aos olhos de seus antigos donos todo pet é lindo enquanto pequeno e descartável quando adulto…
Posso atestar esta informação numa experiência que vivi na semana passada, quando um lindo cachorro abraçou minhas pernas e se recusou a me deixar caminhar.
O medo do desconhecido, o fato de estar perdido, o desespero de experienciar a solidão e o isolamento pela primeira vez. – Sim, aquele cachorro tinha acabado de ser abandonado!
Cachorrinhos não costumam viver muito, raças pequenas podem chegar a 13 anos e raças maiores a 12 anos – pouco se comparado aos seres humanos!
A alegria na presença de um dono tem a mesma intensidade da dor do abandono!
Aquela gangue de cachorros que encontro todos os dias vagando nas ruas não é o problema, ela na verdade expõe o verdadeiro problema: As pessoas não se sentem responsáveis por seus animais de estimação.
O verdadeiro problema: As pessoas não se sentem responsáveis por seus animais de estimação.
Para essas pessoas abandoná-los não é um problema!
Não importa se um dia acreditou amá-los, se sorriu com as travessuras daqueles pequenos – todos são descartáveis!
E enquanto olho com tristeza os muitos animais nas ruas, caminho por instantes, sem sentido, sabendo que, quando se abrirem os portões da minha casa, virá correndo em minha direção a mesma Jennya.
Nessa rotina ininterrupta dos últimos cinco anos.
Veja também: Cachorros abandonados – o que fazer? ‣ Jeito de ver