Onde as flores não florescem

Como podemos ajudar os artistas em início de carreira? O texto aborda as várias maneiras possíveis.

Imagem de AndreasAux por Pixabay

Pra não dizer que não falei de flores, deixe-me tentar:

O ambiente favorável e os cuidados de quem rega tem importância vital  à saúde delas: O crescimento é condicionado à espécie, mas mesmo flores não alcançarão a sua plenitude sem um bom terreno, uma boa irrigação, e principalmente bons cuidados.

Esteticamente um jardim multicor é muito mais belo e atraente do que um jardim monocromático.

Quando rosas vermelhas se encontram entre outras flores, das mais variadas cores, as percepções florescem gerando diferentes sensações.

O CAMPO DA CULTURA

O mesmo acontece quando nos referimos aos jardins da arte, da música.

O ambiente musical que prevalece nas mídias tem se assemelhando cada vez mais a um jardim monocromático.

As estações de rádio ou as playlists sugeridas parecem tentar convencer-nos de que o mundo musical se resume a estilos como o Agronejo, Sertanejo universitário, Funk e aos cantores em destaque na atualidade. – A música como produto e arte – uma história! ‣ Jeito de ver

Conforme abordado anteriormente neste site, empresários gastam milhões para divulgar seus cantores. O objetivo do investimento é acostumar o público à presença daquele artista.

Na época de ouro das gravadoras, a equipe de marketing selecionava no disco uma canção para trabalho e se empenhava na divulgação com o objetivo de impulsionar as vendas do álbuns. Isso envolvia muito dinheiro para estações de rádio e canais de Tv – o conhecido “jabá”, uma espécie de Suborno. –  – A qualidade da música piorou? ‣ Jeito de ver

Atualmente, empresários do agronegócio, “tomaram as rédeas” e investiram ainda mais pesado. Compraram fãs clubes, estações de rádio e ainda mais espaço na TV, que por outro lado apresenta cantores medianos como  super estrelas. Controlaram as tendências

Os Titãs já cantavam: “A Televisão me deixou burro …” – numa crítica bem humorada à falta de questionamento.

A música se tornou mero pano de fundo para atividades do dia a dia. Enquanto cuidam de suas atividades diárias as pessoas selecionam uma playlist do seu estilo preferido e no meio dessa playlist está inserida uma canção que não se excaixa exatamente naquilo que ela pretendia  ouvir (o jabá funiconando sutilmente!).

MÚSICA GRÁTIS?

Embora o país esteja repleto dos mais variados estilos e cantores, a população se vê exposta àquilo que o dinheiro pode pagar.

Alguns argumentam que se a pessoa está “ouvindo de graça”, ela não pode reclamar.

Mas, imagine você ninguém se ninguém escutasse a determinadas músicas, estações de rádio e seus comerciais.

O que fatalmente aconteceria? Obviamente, deixariam de existir.  – Porque NADA É DE GRAÇA, e ninguém está disposto a investir sem retorno.

Traduzindo: O preço pago é a atenção, o tempo.

Portanto, há uma troca:  cooperamos com as mídias por vender a nossa atenção e nosso tempo às suas propagandas.

A REVOLUÇÃO

Se mais pessoas escolherem estilos diferentes, aparecerão estilos e cantores diferentes.  Pois “o artista irá onde o povo está” como diz o poeta, ou seja, para manter o negócio vivo o público será atendido.

Repensar e agir são atitudes necessárias.

AS DIFICULDADES

Alcançar a fama envolve trabalho e muito investimento. Muitos talentos se perdem por falta de espaço nas mídias em geral.

Bons cantores não são amplamente divulgados.

Empresários inteligentes investem em propaganda e em personal stylists. As imagens dos artistas são tabalhadas de modo a agradar a um público cada vez menos exigente.

Leis como a Rouanet e Aldir Blanc podem ser bem úteis a esses artistas, mas há um problema, observe: Os empresários tem o valor investido na cultura deduzido no seu imposto de renda, mas são eles próprios que escolhem em que artistas investirão.

Isso explica por que centenas de duplas, patrocinadas pelos próprios empresários do agro, têm tantos eventos.

No final das contas, o valor da dedução fiscal se torna investimento para muito mais lucros dos próprios empresários.

Essa distorção precisa ser corrigida!

Algo mais pode ser feito. Leia atentamente o próximo subtítulo.

“WITH A LITTLE HELP FROM MY FRIENDS” – The Beatles

(Com uma ajudinha dos meus amigos – Tradução livre)

A música dos Beatles citada acima traz em sua melodia algumas frases interessantes, tais como:

“Me empreste suas orelhas

e eu cantarei uma canção para você

Tentarei não cantar fora do tom…

Oh! Eu me viro com uma ajudinha dos meus amigos…” 

Amigos, podem ajudar na divulgação de cantores ainda iniciantes.

Mas, você talvesz se pergunte: – ” Os amigos são obrigados a fazer isso?”

-Não, não são obrigados, mas um dos sentidos da palavra amigo se relaciona ao “apoio por amor”.  O latim amicus significa “aquele que ama” ou “aquele que é amado“.

Já existem serviços de vendas de seguidores profissionais para canais do Youtube, Instagram e mídias desse porte, que seguem a política do quanto maior o número de seguidores mais a relevante o artista e músicos em início de carreira podem ser tentados a investir neste serviço.

Já é possível comprar um número razoável de virtuais seguidores fiéis que darão likes, visualizarão posts e darão mais relevância nas plataformas digitais. Linguagem dos negócios!( BotFanClub – Termo novinho em folha!)

Para entender porque isso acontece observe os dois exemplos a seguir:

Primeiro, um jovem escritor de lindas poesias no Instagram, tem mais de 10 mil amigos nesta plataforma. – Destes, apenas 10 curtiam os seus posts.

O segundo exemplo, numa cidade do interior um jovem cantor tem aproximadamente 3 mil seguidores, dos quais apenas 5 ouviam suas músicas no Spotify.

O CAMPO PODE  MELHORAR – DEPENDERÁ DE TODOS!

A arte está cada vez mais monocromática, escritores novos continuam sendo pouco divulgados, em cidades pequenas cantores novatos com novas abordagens, são encarados como potenciais concorrentes aos mais experientes.

É notável conforme os dois exemplos citados não há divulgação espontânea.

É preciso admitir que o mercado da música sofreu mudanças.

Como mudar tal cenário?

Prefeituras municipais podem criar e divulgar festivais em diferentes estações, para que haja plena exposição dos mais variados estilos de arte: Semana da Poesia, Semana da Música, Semana de exposição de arte e assim por diante e por fim, O encontro das artes.

Mais festivais significam mais visitantes, maior movimento no comércio local, aumento da arrecadação de impostos e, consequentemente, mais oportunidades de emprego.

Por outro lado, quando não há este pensamento e a divulgação dos talentos municipais ficam nas mãos de iniciativas privadas, como de esforçados donos de bares e lanchonetes, que é louvável, mas tem alcance limitado.

Como explicamos na introdução desta matéria o ambiente favorável e os cuidados, possibilitarão o crescimento desta beleza chamada Cultura.

Com um  trabalho mais amplo nesta área, a cidade ganhará novavida e novas cores, essenciais ao crescimento da cidade.

Gilson Cruz


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Comentário (2)

  • Daniel| 25 de fevereiro de 2024

    Muito boa abordagem no aspecto cultural, sabemos que muitas coisas precisam melhorar principalmente o apoio e incentivo a cultura local dos mais diversos municípios!!!

    • Gilson Cruz| 25 de fevereiro de 2024

      Verdade, Daniel. Havendo um melhor planejamento todos os aspectos da cultura podem ganhar espaço e isso ajudará no crescimento da cidade. Agradecemos a sua participação.

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