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Sempre a passeio pelas ruas da cidade, contemplando momentos de descontração, reduzindo obrigatoriamente no trajeto urbano (devido aos quebra-molas), os pensamentos fluíam numa concentração necessária, pois assim, quem sabe o estresse e ansiedade diminuíssem, proporcionando àquela mente um pouco de alívio.
Porém, num certo dia, passando pelas mesmas ruas, uma cena, aparentemente vista antes, repetia-se.
No passeio de uma humilde residência “lá estava ele! ”
Um senhor que chamara a sua atenção, pois, aquela matéria, ali sentada, com o olhar fixo ao vazio do tempo, com suas pernas cruzadas, vestindo jeans, camisa de mangas compridas, sandálias havaianas pretas e um relógio (talvez oriente), o caracterizavam.
Era perceptível naquela humilde residência aquele humilde cidadão.O que despertara a atenção era o fato de aquele corpo imóvel, estar fixando o olhar no vácuo do tempo, mas, com certeza a sua mente o estava direcionando para algum lugar.
O semblante mostrava naquele senhor o cansaço que o passado lhe causara. A pele enrugada e um ar de nenhuma perspectiva para o futuro, aqueles momentos já lhe pareciam necessários para o vazio e o tempo sem pressa passar.
Curiosidade ainda maior, quando, em outro dia de passeio e contemplação pelas ruas da Cidade, num dia chuvoso, nublado e os chuviscos batendo e escorrendo pelo para-brisa, naquela rua, naquele passeio, notoriamente, LÁ ESTAVA ELE, nas mesmas condições serenas, clima de paz interior ou preocupações “só ele poderia revelar”.
Mas, para aliviar as preocupações de um observador ansioso e estressado, melhor pensar e crer na paz interior, só que dessa vez, ao seu lado, compartilhando das mesmas gotas de chuva e deitado enquanto ele olha para o tempo, um cão vira-lata, branco com machas pretas, ou preto com manchas brancas, isso até nem importa tanto, mas o que valeu mesmo naquele momento, foi saber que, com aquele senhor envolvido nas suas realidades internas e numa ótica externa de uma realidade imaginária, havia com ele um verdadeiro amigo.
Com certeza, ao passar novamente por lá, ele ou eles estarão repetindo a mesma cena curiosa.
E, quem sabe, o ansioso e estressado se aproximará para saber um pouco daquela mente que tanto despertou a curiosidade.
Gilmar Chaves 21/05/2023
Gilmar Chaves, Professor, Poeta, Conselheiro e membro da formação inicial da Banda Experiência. A arte de observar e fazer parte da história.
Veja mais em: O tempo ( Contador de histórias) – Jeito de ver.
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Comentário (2)
Márcia Chaves| 2 de junho de 2023
E lá estava ele.
Ele voltou…Escritor Gilmar retomando suas criações.
Bela narração! Viajei na história. Valorização de cenas muitas vezes ignoradas por serem apenas as mesmas cenas vistas diariamente, mas não observadas.
Parabéns !!
Gilmar Chaves| 12 de junho de 2023
Muito obrigado pela observação das letras nas invisíveis linhas traçadas. Que bom saber que pôde viajar comigo na mesma história! É uma verdadeira sintonia de emoções. Abraços, até a próxima narração.