Clube dos 27 – Não há glamour na tragédia
Amy Winehouse, Kurt Cobain, Robert Johnson, Brian Jones (membro fundador dos Rolling Stones), Janis Joplin, Jimi Hendrix, Jim Morrison (do The Doors) – o que eles têm em comum?
Artistas de sucesso do mundo da música que tiveram suas vidas interrompidas aos 27 anos. Daí a origem do termo “Clube dos 27”.
A criação de termos como “Clube dos 27” visa dar uma áurea de glamour, magia e mesmo mistério ao fato trágico de que pessoas públicas foram trituradas pela máquina da indústria da música.
Não há glamour algum na morte da jovem Amy Winehouse, que teve uma vida conturbada e seu talento natural explorado por todos ao seu redor.
Seu estilo único de cantar, que trazia um misto da dor do Soul dos anos 60 e a energia pulsante do Jazz dos anos 40, numa roupagem moderna e eletrizante, chegou ao fim no dia 23 de julho de 2011.
Ela ingeriu altas doses de álcool.
Consegue imaginar quão perturbada estava a mente dessa jovem cantora?
Não há beleza em se perder tão jovem!
Brian Jones, membro fundador dos Rolling Stones, foi afastado da banda que criou, pois já não conseguia mais cumprir compromissos, nem ter o mesmo desempenho como músico, devido ao seu vício em drogas.
No dia 3 de julho de 1969, foi encontrado morto em sua piscina. A suspeita é que o uso de drogas tenha facilitado sua morte.
Consegue imaginar o drama ou desespero causado pelo vício em drogas?
Artistas virtuosos como Jimi Hendrix (18/09/1970), Jim Morrison (3/07/1971) e Janis Joplin (4/10/1970) tiveram morte similar.
O desespero de escapar, por instantes, dos seus pesadelos, ou de esquecer as pressões do sucesso, resultou no abreviamento de suas vidas e, consequentemente, carreiras.
Robert Johnson, chamado de Rei dos Delta Blues, morreu de sífilis em 16 de agosto de 1938.
Alguns defendem a ideia de que morrer no auge é uma maneira de eternizar-se, ser lembrado como jovem – jovem para sempre! Essa ideia romantiza todo o sofrimento e desespero escondidos em cada segundo das vidas dos biografados.
É um pensamento explorado pelas indústrias que continuam lucrando com os espólios de artistas que, sob a resposta primária de não serem esquecidos, geram bilhões em lucros.
O fato de alguns perderem a liberdade de sair às ruas por causa de fotógrafos clicando cada centímetro de seus passos, que gostariam de voltar para casa após os shows e receber o abraço de alguém que sentisse amor de verdade por eles, é tão romântico quanto o vazio que deixaram em suas famílias.
Romantiza o fato de que perderam também a liberdade criativa e se tornaram reféns de uma indústria que suga cada gota de suor e sangue criado cuidadosamente para seus personagens.
Romantiza o fato de que muitos se perderam em seus personagens.
E enquanto isso, meros sonhadores romantizam a eternidade não usufruída pelos artistas, que não tiveram o prazer de ver seus filhos correndo no jardim, envelhecer ao lado da pessoa amada e se tornarem apenas meros adultos quadrados – mas, amados de verdade.
Não há beleza em se perder tão jovem.
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