Um cão chamado Duke
Você consegue imaginar a seguinte cena?
Festejos de virada de ano, shows de fogos de artifício, clarões, barulho, sim, muito barulho – turistas e moradores locais entusiasmados olhando o céu, extasiados com a coreografia dos fogos, bebendo, cantando, celebrando o fim de ciclo de mais um ano.
Neste exato momento, o Sr. José, sim, o chamaremos de José, morador de rua, está desesperado tentando abafar os sons e acalmar seu companheiro, o Duke* (chamaremos de Duke) seu amiguinho de quatro patas, um SRD de três anos que o acompanha desde o nascimento.
Duke, é um cachorrinho amoroso, brincalhão e a melhor companhia contra o tédio.
Uma lembrança de que mesmo em tempos difíceis, alguém vai estar lá apenas por te amar.
Duke ama o José, mas está desesperado.
E o Zé, também está desesperado.
Ele sabe que os cachorros têm a capacidade auditiva maior que a dos humanos e que, para eles, barulhos acima de 60 decibéis, que equivale a uma conversa em tom alto, pode causar estresse físico e psicológico, pois o ouvido canino é capaz de perceber uma frequência maior de sons, e podem detectar sons quatro vezes mais distantes, se comparado a humanos. -(Fonte: Fogos, bombas e rojões: saiba o risco que isso pode causar nos animais – Voz das Comunidades)
Duke, o pequeno companheiro, infartou naquela noite.
Muitos animais morrem durante festividades que envolvem queima de fogos. Exemplos nos posts abaixo:
Cachorro morre durante queima de fogos, no réveillon | Bom Dia Rio | G1 (globo.com)
Mulher relata morte de cadela após queima de fogos de artifício no revéillon – Nacional – Estado de Minas
A história acima tem o nome dos protagonistas trocados, mas aconteceu no Rio de Janeiro, Brasil.
Caso você tenha um cachorrinho de estimação já percebeu como ele fica agitado com as bombas e sons altos? Nestes casos seria bom deixá-lo pela casa à vontade e tentar minimizar os efeito dos barulhos e treiná-lo para que aos poucos ele se acostume com sons diferentes. – Fonofobia: seu cachorro tem medo de barulho? – BLOG.Petiko
Mas, quando se trata de cães que vivem nas ruas (sim, eles existem!) seria necessário uma política para conter os danos.
Uma política voltada para o cuidado de animais.
Não como aquelas em que prefeitos mandam recolher os pobres bichinhos para o abate, que além de cruel – é criminosa. Veja um exemplo na matéora do post: -Prefeitura na BA publica decreto que determina abate de animais abandonados em vias públicas | Bahia | G1 (globo.com)
Criar canis, investir em veterinários, criar programas de incentivo a adoção responsável, seria questão de saúde pública, contudo, infelizmente, quando a maioria dos políticos pensam neste problema, que são os cães abandonados, não entendem (ou fingem não entender) que o problema é o ABANDONO, não os cães.
Por isso, pensam apenas matá-los. Termo mais sincero para o comum “abatê-los”.
Buscam a solução mais fácil, pois se até mesmo a humanos em necessidade muitos políticos tratam como nada além de votos necessários, ou escadas necessárias, que pensar das criaturinhas que não votam?
Lamentavelmente, esse tem sido o cenário.
Respeitar a vida está entre as principais virtudes de um ser humano.
Quanto ao dono do Duke, anda pelas ruas, sozinho e as pessoas não o notam.
Estão ocupadas demais olhando para cima. Não se importam, também com os HUMANOS.
Nota> O nome Duke foi escolhido por causa de um cachorro que foi espancado a pauladas, numa praça pública na cidade de Seabra, Bahia. Espancado, por animais sem raça definida, não deviam ser humanos, apesar de parecerem. Até o momento ninguém foi preso, até o dia da reportagem. O verdadeiro Duke morreu, em consequência dos espancamentos. – Cachorro é espancado a pauladas em praça na Bahia; animal foi atingido com pelo menos 8 golpes | Bahia | G1 (globo.com)
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