Digo sobre a morte com ênfase eterna
Num gosto intragável de amianto
Em tese profunda abandono a vida
Em grito silencioso sufoco o pranto
De alma degradada e aflita
Uma foice rompeu as minhas veias
Tenho um arame entrelaçado ao peito
E uma agonia morbida que me rodeia
Bebo o formol que me conserva
E fumo passados em tragos finos
Escrevo poesias com faca em minha carne
E o sangue que sobra eu rego destinos
O meu cadáver será esquecido
Em cheiro pútrido esperando virar pó
Em menos de uma semana os vermes
Comerão um corpo inchado sob o sol
Nos olhos fundos de uma alma fria
Estarão ecos em presságios funestos
Diante de todos negarei a vida
E ante ao caderno confessarei os versos
Perdido em uma densa floresta de ideias
Que em todo conceito é um repúdio a vida
Espero que meus ossos virem fogueira
Em minha carne apodrecida
Serei alimento para as flores
De um jardim frio e oculto
Estarei livre entre as gramas
Que rodeiam meu sepulcro
Parecem até espelhos abandonados
Algo vomitado sem nenhum critério
Mas é só um clamor tácito
De uma alma que vaga em um cemitério.
Observação do site:
Este poema aborda temas sensíveis relacionados à morte, depressão e autodestruição. Recomendamos sensibilidade ao ler ou compartilhar, especialmente se você ou alguém próximo estiver enfrentando dificuldades emocionais.
Ao ler este texto, incentivamos a reflexão sobre saúde mental e a busca por apoio profissional, se necessário. Lembre-se de que você não está sozinho e que há recursos disponíveis para ajudar durante momentos difíceis.