Você já teve a sensação de constante déjà vu ao ouvir algumas músicas?
Bem esta sensação cada vez mais comum se dá por um motivo: A música é um produto comercial !
Isso significa que se um estilo fizer sucesso, ele será copiado.
Vamos explorar um pouco este tema.
Explorando a Melodia ao Longo do Tempo
A música, essa forma única de arte, está ao nosso alcance através de diversas plataformas que oferecem uma vasta seleção de artistas e estilos musicais.
Hoje em dia, temos a liberdade de montar playlists personalizadas, algo inimaginável nos tempos em que só tínhamos as rádios como fonte – e isso é fantástico!
Nas décadas de 80 e 90, aguardávamos ansiosamente o locutor de voz bela e marcante anunciar o próximo hit.
Com o gravador pronto, os botões “REC” e “PLAY” acionados, tudo corria bem até que, ao fim da música, o infeliz interrompia informando a hora e o nome da estação, estragando a gravação. Que época incrível!
A programação trazia hits, como “Voo de Coração”, “A Vida Tem Dessas Coisas” e “Pelo Interfone” na voz de Ritchie, “Cachoeira” na de Ronnie Von – com a ternura em sua voz – que ainda ecoam em nossa memória.
Artistas como Roupa Nova, 14 Bis, Rádio Táxi, Placa Luminosa, e ícones como Gal, Bethânia, Zizi Possi, Elba, Fafá, Cássia Eller, Gilberto, Caetano, Djavan, Emílio Santiago, Ivan Lins, Tim Maia, Jorge Benjor, Roberto (O Rei), Erasmo e Raul (nossos roqueiros com “R”) deixaram um legado eterno na música brasileira.
Cada cantor tinha a sua própria maneira de interpretar canções.
Ângela Ro Ro, por exemplo, transmitia emoções quase indescritíveis com performances intensas, como em “Amor, Meu Grande Amor”, e nuances melancólicas em “Só Nos Resta Viver”.
Canções e cantores de diferentes estilos ocupavam a mesma programação – a arte musical em sua forma plena.
A música, como forma de arte, é rica em emoções variadas e oferece inúmeras interpretações ao público.
Ela se adapta a cada indivíduo, proporcionando o significado que procuramos, e reflete a cultura de cada época.
A arte é dinâmica, ajustando-se e evoluindo de forma natural, aprimorando tendências e traços. Esse mesmo processo se manifesta no mundo da música.
Um Passeio no Tempo
Vamos voltar ao início da década de 1960, lá observamos o declínio do Rock’n Roll:
Elvis Presley estava no exército americano, sem a rebeldia anterior, Little Richard quase abandonou a música, Chuck Berry enfrentava problemas com a justiça e Jerry Lee Lewis caía em desgraça por seu comportamento volátil e um escândalo matrimonial.
Ícones promissores como Buddy Holly, Richie Valens e Big Bopper morreram em um trágico acidente aéreo. Parecia que o mundo do Rock estava à deriva.
Contudo, na Inglaterra, jovens se encantavam com o Rock’n Roll que adormecia nos EUA.
Nascia o Rock Britânico, com bandas como The Beatles, The Hollies, The Rolling Stones, Gerry and the Pacemakers, The Dave Clark Five, The Swinging Blue Jeans e The Kinks, cada uma trazendo seu estilo distinto.
Foi assim que o Rock’n Roll reconquistou o mundo.
No Brasil, bandas notáveis como Os Incríveis, Renato e seus Blue Caps, The Fevers, Os Carbonos e The Sunshines surgiram, cada uma imprimindo seu legado. A música se transformava em mercadoria, com as gravadoras lançando sucessos formatados até que uma nova onda musical emergisse.
Analisando e Copiando Tendências
O mundo da música é conhecido por suas cópias e imitações. – Assumindo a forma de produto.
Era comum em décadas anteriores gravadoras investirem em cantores de estilos e vozes parecidos.
Alguns grupos se inspiraram nos Beatles, cantores tiverem Elvis como referência e isso é saudável.
Na década de 1980 a boyband porto riquenha Menudos se tornou febre nas américas.
Embarcando na fórmula de sucesso, muitas e muitas boybands no mesmo estilo foram formadas.
No Brasil, nos anos 1990, vimos cantores sertanejos da época seguindo a mesma temática, cortes de cabelo e calças apertadas.
Após a febre sertaneja, surgiram grupos de pagode no rastro do Raça Negra, assim como grupos de lambada no final da década de 1980 seguiram a onda do Kaoma.
Seguir ou não uma tendência, pode significar o sucesso ou o insucesso.
Artistas consolidados tendem a insistir nos seus estilos característicos.
Por outro lado, artistas novos experimentam os seus minutos de fama e partem para o esquecimento.
Ao analisar a música como arte e produto não se pode esquecer algo importante:
O sucesso é copiado como produto, mas cada cópia é um retrato de uma época. São importantes para explicar o contexto histórico, tendo o seu valor, para o bem ou para o mal.
Apreciemos e entendamos como ela reflete nosso contexto histórico e cultural, sempre evoluindo e se adaptando, marcando as páginas da nossa história musical.
Gilson Cruz
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Comentário (4)
Nereu| 12 de fevereiro de 2023
Muito boa a dissertação sobre esse tema, Serginho. Afinal , de música você entende.
Parabéns por mais essa obra!
Aildes| 12 de fevereiro de 2023
Muito bom! Me fez viajar no tempo e relembrar com saudades do tempo que também esperava o locutor anunciar a música tão esperada para gravar kkkkkkk bons tempos!
Parabéns!
ADENILSON DE QUEIROZ LIMA JUNIOR| 12 de fevereiro de 2023
Muito bom os exemplos citados, de fato a música é um produto da arte, pena a nossa geração regrediu tanto nos gostos musicais, apesar de ainda haver os remanescentes, que valorizam as mensagens contidas nas letras de cada canção, parabéns companheiro não só pelo texto mais pelo gosto musical, você é uma enciclopédia.
Crispim araujo| 13 de fevereiro de 2023
Magnífico texto meu amigo…