Um novo tempo – Parte 2 ( Repensar)

Uma velha televisão. Não havia liberdade de expressão quando o Brasil esteve sobre o Regime Militar.

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Um novo tempo…

As décadas de 1960 e 1970 foram marcadas pela repressão à liberdade de expressão e o controle da informação.

As informações que chegavam por meio dos veículos de comunicação eram controladas por um regime, que ditava o que deveria ser noticiado e como deveria ser anunciado. O sistema educacional seguia nos mesmos trilhos.

Àqueles que prezavam a liberdade de pensamento e o direito à liberdade o bordão: “Brasil, ame-o ou deixe-o”, algo como o atual: “Se não gostou, pede pra sair…”

Sim, o sistema educacional era também moldado por esta filosofia.

O lema “a Pátria acima de Tudo” era repetido nas TV’s, nas rádios e nas escolas.

Tal controle transmitia a falsa impressão de não haver nenhum motivo para manifestações ou reclamações por parte do povo e que  o governo da época não cometia absolutamente nenhum crime.

Não havia quem investigasse o desvio de recursos por parte do governo como, por exemplo, na construção da Usina de Itaipu. Aqueles que investigassem ou questionassem teriam o mesmo destino que o embaixador José Jobim. Veja o link CORRUPÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA USINA DE ITAIPU PODE TER MOTIVADO A MORTE DO EMBAIXADOR JOSÉ JOBIM – Documentos Revelados.

Os perseguidos, desaparecidos e mortos pelo sistema não eram mencionados e quando mencionados era sob manchetes falsas. Por exemplo: a morte de Wladimir Herzog, professor, jornalista, assassinado nos porões da Ditadura após intensa tortura, foi noticiada como suicídio.

A ignorância era requisito para não ser classificado como inimigo do Estado. – Era uma bênção! – Razão por que muitos dos que viveram naquela época ainda acreditam não haver corrupção ou violência nos governos militares.

A educação, a base, era moldada aos interesses do Governo.

Observe abaixo um trecho extraído do site Le Monde Diplomatique:

Um Brasil em construção neodesenvolvimentista para a formação profissional, técnica, sem estudos de formação crítica. História e geografia, por exemplo, eram substituídas por “estudos sociais” com destaque para nenhum tipo de alusão ao escravismo, ao colonialismo, e às contínuas invisibilidades das lutas sociais e populares ao longo dos mais de quatrocentos anos de invasão sob diversas expressões políticas que tendem a expressar, sem discussão, uma ideia de soberania e autonomia nacionais.

Isso sem falar que nesse período, jamais saberíamos logo disto, muitos grandes nomes de pensadores e militantes já estavam mortos. Outros tantos exilados, tendo passado antes por torturas, interrogações, desaparecimentos. Tudo isso compunha um álbum maior do que o retrato 3×4. Mas ele não está presente nas casas de parte expressiva da classe trabalhadora, equivocadamente tratada como média no Brasil. Se de média se trata, nem a da escola, nem a dos valores a tornou de fato consciente sobre esse período que precisa, de fato, ser tirado a limpo por essa mesma geração, agora entre 40 e 50 anos”. – Veja : A torturante função da educação na década de 1970 – Le Monde Diplomatique

Você pode ler o inteiro artigo citado acima no link do  Le Monde diplomatique.

A disciplina na época era bem semelhante ao que acontece hoje em países ditatoriais: “Aprenda o que queremos, nos seja útil” .

Os alunos, assim como todos os brasileiros, eram disciplinados a seguir um padrão condicionado por uma elite militar, que moldava TUDO conforme os seus próprios interesses, ao passo que as benesses eram dadas a SEUS filhos, a militares e a “amigos do sistema” – para quem a pátria era realmente a mãe gentil.

O sistema educacional se resumia aprender o suficiente para uma profissão mediana, decorar preceitos e datas, cantar hinos nacionais mesmo sem entender uma frase sequer do que se cantava, sem nenhum espaço à criação ou ao imaginário.

O popular sistema ‘flor vermelha de caule verde’, ilustrado no conto do artigo anterior.

Os conceitos de livre pensamento, de livre expressão – de liberdade, eram definidos por aqueles que lucraram com o golpe militar em 1964.

Poetas e Compositores tinham que usar e abusar da criatividade para criticar o sistema, como Chico Buarque nas canções “Vai Passar”, “Cálice” e muitas outras , Caetano em “Tropicália”, bem como muitos outros artistas. – 18 músicas famosas contra a ditadura militar brasileira – Cultura Genial

Uma das mais belas canções compostas neste período, a canção “Novo tempo”, 1980, de Ivan Lins, sinalizava a mudança, a esperança e a incerteza do que viria após este período de trevas.

Pensar além dos muros da repressão poderia resultar em prisão ou mesmo em morte.

A disciplina era pelo medo de cair nas mãos de uma polícia que era famosa pela violência*, os alunos era condicionados ao comportamento “bom rapaz, direitinho”, da música do Tom Zé e não à reflexão, “raciocinar” em tais períodos era um ato desafiador, marginal.

Nessa década a literatura marginal surgiu como um desafio às convenções, mostrando que a arte de escrever poderia e deveria assumir outras formas.

E enquanto isso, nas cidades do interior, alunos eram moldados por mestres, muitas vezes impacientes, que não hesitavam em usar de violência física para “facilitar a entrada do conhecimento” nas cabecinhas machucadas.

Um episódio marcante já próximo ao fim do período militar, se deu em 1982, numa cidade do interior da Bahia, quando um aluno de oito anos perguntou à Professora após observar num desfile de 7 de Setembro, que havia muitos símbolos que representavam a cultura estadunidense, como bonecos do Universo Disney. Não havia referências à escravidão ou a indígenas.

A professora chateada esbravejou: “ ISSO É CULTURA”, chamando-o de burro!

E aquele aluno, para o bem de sua vida, calou-se, AGRADECENDO a resposta.

A liberdade daquele desfile celebrava o domínio e influência cultural dos Estados Unidos, país que financiou o golpe de 1964 no Brasil e em outros países na mesma década. A verdadeira cultura, a verdadeira origem do povo, as verdadeiras influências eram renegadas.

Então, em 1985, o regime militar e  seu desprezo pela cultura, pela individualidade e pelo acesso à informação chegou ao fim.

Enfim, “um novo tempo” precisava ser pensado, o sistema educacional precisava ser repensado para a que formação de verdadeiros cidadãos ganhasse força. Era preciso construir um novo pensamento.

Algo deveria ser REFEITO!

Leia  Um novo tempo – Parte 3 Refazer – Jeito de ver

É sobre o que falaremos na PARTE 3.

* A truculência da sistema policial da época moldou o temor e a confiança que muitos na atualidade têm da Polícia na atualidade.

Em muitos casos verifica-se, ainda hoje, a típica ação violenta comum no Regime Militar nas abordagens a pobres e a negros, ao passo que

mantém  a discrição e respeito no tratamento a bandidos ricos e de pele clara.

Um novo tempo – Parte 1 (Apesar do perigo)

 

Você conhece o conto  “Flor vermelha de caule verde?” de Helen Barckley?

Hora de conhecer…

REIMAGINAR…

 

Conto: Flor vermelha de caule verde!

Helen Barckley

Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno e estudava numa grande escola. Mas, quando o menino descobriu que podia ir à escola e, caminhando, passar através da porta ficou feliz.

E a escola não parecia mais tão grande quanto antes.
Certa manhã, quando o menininho estava na aula, a professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Podia fazê-los de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, barcos e trens. Pegou então sua caixa de lápis e começou a
desenhar.

Mas a professora disse:
– Esperem. Ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, desenharemos flores.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores. E começou a desenhar flores com seus lápis cor-de-rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde.
Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:
– Hoje faremos alguma coisa com barro.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de barro. Ele podia fazer todos os tipos de
coisas com barro: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e a amassar a sua bola de barro. Mas a professora disse:
– Esperem. Não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos.
– Agora, disse a professora, faremos um prato.
– Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos.

A professora disse:
– Esperem. Vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo.
Assim, disse a professora, podem começar agora.
O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais de seu prato do que do da professora. Mas não podia dizer isso.

Amassou o seu barro numa grande bola novamente e fez um prato igual ao da professora. Era um prato fundo.
E, muito cedo, o menininho aprendeu a esperar e a olhar, e a fazer as coisas exatamente  como a professora fazia. E, muito cedo, ele não fazia mais as coisas por si mesmo.

Então aconteceu que o menino e sua família mudaram-se para outra casa, em outracidade, e o menininho teve que ir para outra escola.
No primeiro dia, ele estava lá. A professora disse:
– Hoje faremos um desenho.
– Que bom! Pensou o menininho. E ele esperou que a professora dissesse o que fazer.
Mas a professora não disse. Ela apenas andava pela sala. Então, veio até ele e falou:
– Você não quer desenhar?
– Sim, disse o menininho. O que é que nós vamos fazer?
– Eu não sei até que você o faça, disse a professora.
– Como eu posso fazer? Perguntou o menininho.
– Da mesma maneira que você gostar. Respondeu a professora.
– De que cor? Perguntou o menininho.
– Se todos fizerem o mesmo desenho e usarem as mesmas cores, como eu posso saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um?
– Eu não sei, disse o menininho.
E ele começou a desenhar uma flor vermelha com caule verde.

Conto de Helen Barckley – 201

História comovente, não é verdade?

Vocês já perceberam como é fácil se achar um inovador, quando na verdade estamos perpetuando velhos costumes e ideias?

As pessoas temem aceitar o novo, o diferente.

Mas, é um novo tempo e apesar dos perigos, é tempo de repensar e principalmente: REFAZER.

Desenvolveremos a série “UM NOVO TEMPO” em três partes.

Esperamos alcançar o objetivo maior que é estimular o debate, e por meio dele: REPENSAR, REIMAGINAR E principalmente REFAZER  aquilo que precisa ser refeito.

 

Veja mais: Um novo tempo – Parte 3 Refazer ‣ Jeito de ver

 

“Funk Brasileiro – Raízes e impacto social

Um contrabaixo. Um pouco das origens do FUNK.

Imagem de Jose Araica por Pixabay

Sabe aquelas canções de ritmo pulsante, repetitivo e que muitas vezes choca pela agressividade e obscenidade das letras?*

Calminha, eu não estou falando de alguns pagodes da Bahia. – Não neste Post.

Falaremos um pouco sobre o Funk no Brasil, suas origens e influências.

Revoluções

Se no Brasil, a Bossa Nova crescia no final dos anos 1950 e no início da década seguinte se tornava popular entre jovens de classe média alta, filhos de pais ricos e com cargos influentes na sociedade e nos governos da época…

Nos EUA os jovens negros curtiam algo bem mais politizado, bem mais provocador.

Se por aqui, os jovens que amavam o estilo João Gilberto de sussurrar perfeitamente letras e acordes dissonantes naquela fusão do jazz norte americano com o samba brasileiro, e tinham tempo livre para ver “o barquinho a navegar no macio azul da mar” e viver o romantismo de quem sabia”que iria te amar, por toda a vida…

Lá, do outro lado, os jovens tinham pressa, queriam mudanças. Passavam a admirar ícones como James Brown e Miles Davis.

Esqueça toda a calma e paz da Bossa Nova  –  o Funk é bem diferente…

Um pouco de história e teorias

O Funk cresceria em outro solo…  a água, porém, viria quase da mesma fonte.

Ambos são influenciados pela  música negra americana e entre muitos estilos, compartilham um pouco da vibe do R&B, Soul e do Jazz.

As origens do jazz, que influenciaram a bossa nova, remontam às festas de escravos que parodiavam os estilos dos colonizadores, à mistura de ritmos tribais  e também às jams Sessions de Blues ( se é que se pode chamar assim!) .

O Jazz era a fusão de muito estilos.

Negra em suas origens, essa fusão carregava também um pouco de banzo – canção que expressava a tristeza e era cantada melodicamente em repetições de frases e improvisos por escravos em campos de algodão.

O banzo narrava o sofrimento, a ânsia de libertação e a saudade de um mundo que não mais existiria, desde que foram sequestrados e vendidos como mercadorias.

A expressão deste sofrimento é clara nos blues do Delta do Mississipi nas primeiras décadas do século XX.

O Funk foi desenvolvido pela comunidade negra nos Estados Unidos no início da década de 1960, quando a mesma ânsia de libertação ganhava força num país preconceituoso, onde a segregação racial era questão política e os negros lutavam agora pela igualdade.

Desigualdade social 

É notório que em países como o Brasil, após a lei que abolia a escravidão, havia um projeto de lei que indenizava os donos dos escravos com grandes compensações monetárias, face à pressão de antigos” proprietários”,  ao passo que os escravos, os maiores prejudicados pelo sistema, foram totalmente esquecidos – sem nenhuma compensação ( e às vezes, sem a própria roupa do corpo!).

Fonte:  Indenização aos ex-proprietários de escravos no Brasil – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Documentos relativos à escravidão, registros de compras e vendas de escravos, que poderiam atualmente ser úteis ao entendimento da história foram destruídos no início da república, para dificultar as coisas aos donos de escravos que pleitevam uma compensação pelas perdas decorrentes da abolição.

O mesmo Brasil que não ofereceu condições para que os negros tivessem uma estrutura social,  objetivando um povoamento maior da região sul, agraciou ( com toda a sorte de incentivos ) a europeus, dando desde casa a ajuda financeira para que estes tivessem condições de se estabelecer na preconceituosa terra brasilis.

700 mil libertos não tiveram acesso a terra e nem à educação.

Foram condenados a viver nas partes menos favorecidas da cidade.

Será que mudou muita coisa por aqui?

Nos Estados Unidos não foi, assim, tão diferente…

Os negros eram vítimas de grupos racistas, eram proibidos de ter acesso à educação igualitária e não podiam sequer usar os mesmos transportes públicos ou os mesmos banheiros que os brancos – muitos foram covardemente assassinados!

Neste ambiente politizado, o blues, o jazz e o Soul ganharam novas abordagens em suas letras.
E agora, um pulsante novo ritmo trazia a alegria, o protesto e a sensualidade ao movimento.

Sensualidade? Isso mesmo, era comum entre os músicos negros americanos na época usar a expressão “Coloca um pouco mais de Funk nisso aí”, quando queriam mais sensualidade, mais ousadia, mais provocação nas interpretações.

O Funk no Brasil

No início dos anos 1970 cantores como Tim Maia e Tony Tornado traziam a influência das Soul Music e do R&B americanos para os solos tupiniquins.
Nessa época, eram organizados no Canecão, casa de espetáculos famosa no Río de Janeiro, encontros conhecidos como Bailes da Pesada, onde o Funk era a “Novidade”!

Com o tempo essas festas acabaram e os produtores passaram a promover bailes regados a Rhythm’ Blues, Soul e advinha?
-O Funk!

Apesar da variedade , o termo Baile Funk popularizou esses encontros.

A polêmica das Letras -1

Assim como as antigas canções caipiras eram inspiradas na nostalgia do homem do campo que se mudou para a cidade e a tristeza de quem ficou para lidar com a suscetibilidade do clima, a jovem guarda se inspirava nas paixões juvenis e amores, por vezes, não correspondidos, a bossa nova se inspirava no otimismo de tudo, o Tropicalismo na busca de mudanças e o sertanejo universitário…bem, esse eu não consegui entender a inspiração ainda … (risos) o Funk se inspira nas realidades e nos desejos dos seus compositores.

A expressão de raiva, a desconfiança nas leis e por vezes, o louvor a nomes do crime são reflexos de uma sociedade abandonada pelo estado, em que a ” lei e a segurança” estão a cargo de milícias e outros criminosos.

Uma sociedade que só é lembrada para fins de repressão.

A polêmica das Letras -2

Entendendo a Cultura

As letras de quaisquer canções refletem a cultura e os valores a que são expostos os compositores.

Isso talvez explique superficialmente, pois há ainda uma grande variedade de estilos dentro do Funk: o Melody, o Pagofunk, o Brega Funk e o Proibidão que se caracteriza por letras pornográficas, a apologia ao tráfico e ao uso de drogas ilícitas.

Música é um reflexo da cultura e uma forma de expressão.

É necessário critério ao se analisar as vertentes musicais.

Aquilo que ouvimos influencia de modo positivo ou negativo as nossas emoções e como em tudo, o mesmo se aplica ao Funk.

Confira os links abaixo:

Bossa nova e jazz: ‘um caso de influência recíproca’, segundo Tom — Senado Notícias

Como o funk surgiu no Brasil e quais são suas principais polêmicas? | Politize!

* A agressivade e obscenidade nas letras também são usadas com o objetivo de causar impacto, que é um método para gerar engajamento bem usado em nossos dias, nos mais variados estilos.

Leia também

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

O que é a música “brega”? – História

Um disco na vitrola. O que é a música brega e qual a sua importância da música brega na MPB?

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O Termo “Brega”,  para se referir a certas músicas, tornou-se popular na década de 1970, ganhou força nas décadas de 1980 e 1990 e é, hoje, um estilo musical no Pará.

Mas, calma… as coisas não são tão simples assim…

Um pouco de história.

Das décadas de 1940 a 1960, na era de ouro do Rádio, as canções mais populares eram as românticas. As interpretações transmitiam o sentimento por trás das letras nas melodias românticas e o drama em letras bem tristes (é verdade que às vezes, até exageravam um pouquinho  no modo de expressar  – “Tornei-me um ébrio”, Vicente Celestino é um excelente exemplo de interpretação dramática!).

Você consegue imaginar a dor imposta por Silvinho ao cantar: “Essa noite eu queria que o mundo acabasse, e para o inferno o Senhor me mandasse, para pagar todos os pecados meus...”(?)

Ou o Orlando Silva ” Tu és a criatura mais linda que meus olhos já viram, tu tens a boca mais linda, qua a minha boca beijou…” (?)

O estilo de canto nas décadas anteriores eram influenciados pelo modo de cantar italiano e de países latinos, quanto aos arranjos musicais orquestrais eram também simples, as letras eram bem trabalhadas, lindas, poéticas.

Por fim, na década de 1960, o aparecimento de novos estilos como o Rock’n roll, Bossa Nova e a Tropicália (já quase no fim da década) despertou o desejo de partir para novas experiências.

E então, os jovens de classe média e alta passaram a se referir às canções e ao a estilo dos cantores das décadas passadas como sendo cafonas (que vem do italiano cafone, que significa camponês, indivíduo rude, estúpido), que significa de “péssimo gosto, sem elegância, espalhafatoso”.

A moda agora era a bossa nova, com arranjos marcados pela dissonância dos acordes, num estilo que soava semelhante a uma mistura do samba nacional desacelerado com o jazz americano.

As canções que não se ajustavam aos sofisticados novos arranjos não eram aceitas por essa “nova elite” como sendo música de qualidade.

Enfim, com a chegada da Tropicália, que fundia as influências regionais com o Rock, o declínio do Iê-iê-iê (conhecido hoje como Jovem Guarda) e da Bossa Nova, a música brasileira ganhava agora uma marca pela qual é conhecida até hoje: MPB.

MPB, Música Popular Brasileira, é o termo que define canções com arranjos melódicos um tanto mais complexos e letras bem trabalhadas.

A “elite” amava a MPB (alguns militares nas décadas de 1960 e 1970 não, mas isto é outra história! – Pra não dizer que não falei de flores…) e olhava a música mais popular com um certo desprezo.

Canções com arranjos simples, que falavam de amor de modo simples, canções engraçadas ou que não se ajustassem a determinados gostos perderam a alcunha de “Cafonas” e passaram a ser chamadas “Bregas”.

Mas, por que Brega?

A origem da palavra Brega é controversa, uma das explicações é que ela é derivada de Chumbrega que significa “de má qualidade, ordinário, reles”.

Sentiu um pouco do preconceito? – Pois era isso mesmo!

Mas eram essas canções que vendiam MUITO!

As grandes gravadoras mantinham, às vezes, dois selos, como a Poligram, que tinha a Polidor. Enquanto um  selo era responsável pelas  gravações de cantores da chamada MPB a outra era especializada em gravar músicas mais comerciais.

O interessante da história é que os chamados cantores bregas vendiam muito mais que os cantores MPB e as gravadoras sabiamente usavam o lucro dessas vendas para produzir novas obras de arte, de cantores de vendagens menos expressivas.

A palavra brega como adjetivo é usada de modo depreciativo, mas quando usada como  substantivo designa um ritmo paraense que tem influências nas músicas caribenhas, na lambada e na jovem guarda.

Resumo: O que ficou conhecido pelo nome Música brega não é um estilo ou um ritmo.

A música brega é na verdade um conjunto de canções populares, com arrranjos simples,  que falam de amor de forma simples e que tratam da realidade de pessoas comuns. Por isso são canções bem comerciais.

São canções diferentes – como as canções devem ser.

E quando se trata de gostar… quem se ousa a dizer que um estilo é superior a outro?

Música é música.

– Você pode gostar ou não. Ouvir ou não!

E como dizia o Cazuza: “O amor é brega”.

Então… esqueça o rótulo!

Curta as suas músicas preferidas.

Gilson Cruz

Leia mais em

O drama do músico – As escolhas ‣ Jeito de ver

A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

Estações ( O verão mora aqui)

A foto de um Girassol. Um texto sobre o Nordeste.

Imagem de 1195798 por Pixabay

 

Deste lado do mundo as estações não são bem definidas…
O outono, parece o verão e o inverno se alternando num ritmo frenético…
O inverno convida o verão para participações especiais durante a sua turnê
E na primavera, esqueça as flores.
A primavera traz a estrela maior para o show…
O sol

E você pensa em flores, que cantem as flores
( pra não dizer que não falei de flores)
Aqui primavera, não é prima…é irmã do verão
e traz pólens maravilhosos para a minha alergia…

Ah!  O verão?
Acabei de chegar à conclusão:
-É aqui que ele mora!

Gilson Cruz

Veja mais em As pequenas escolhas ( Reflexão) ‣ Jeito de ver

 

 

 

 

 

Vamos brincar de índio? (Informativo)

Pequenos indígenas. Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento.

Imagem de Kátia por Pixabay

A matéria a seguir resume a história e as consequências da exploração gananciosa e  irresponsável durante a colonização, apenas estimular o interesse do leitor.  O Jeito de Ver recomenda a leitura do conteúdo nos links, que certamente acrescentarão conhecimento detalhado e suporte ao estudante. Agora, vamos ao assunto:

Este artigo evoca uma canção interpretada por Xuxa, que se você já foi criança, certamente se lembrará. A obra, uma criação dos talentosos Michael Sullivan e Paulo Massadas em 1988, possui uma melodia vibrante e a voz suave da cantora, que narra o cotidiano de uma tribo: seus rituais e sua luta pela vida e sobrevivência.

A letra, contudo, não é tão alegre quanto a melodia.

Nela, o índio retratado expressa o desejo de recuperar sua paz, ansiando por não ser tratado como nos antigos filmes de faroeste, onde eram vistos como vilões e selvagens.

Então, como Edson Gomes uma vez cantou…

“Eu vou contar pra vocês, uma certa história do Brasil…” – focando nos índios, por ora!

Os portugueses chegaram a esta terra “que tudo dava” (e se não desse, seria tomado à força!) no dia 22 de abril de 1500, marcando o início da colonização brasileira. Desde então, a presença portuguesa tornou-se constante no território.

Alguns referem-se a isso como “O descobrimento do Brasil” pelos portugueses.

Agora, vejamos como eles chegaram aqui:

Entre 1383 e 1385, Portugal vivenciou uma significativa estabilidade política, propiciando o desenvolvimento comercial e tecnológico, incluindo avanços na navegação.

A posição geográfica de Portugal proporcionava um fácil acesso às correntes marítimas do Atlântico, e o crescimento comercial de Lisboa estabeleceu a cidade como um centro importante. A necessidade de uma nova rota para o Oriente, após o fechamento do caminho usual por Constantinopla em 1453, impulsionou ainda mais a exploração marítima portuguesa.

Com a chegada dos portugueses ao Brasil, Portugal gozava do sucesso no comércio de especiarias indianas — produtos asiáticos como pimenta-do-reino, noz-moscada, perfumes e incenso, extremamente valiosos no mercado europeu. A busca por uma nova rota para a Índia visava assegurar o acesso a essas mercadorias.

Após a chegada dos espanhóis à América em 1492, iniciou-se uma disputa territorial entre portugueses e espanhóis. Essa rivalidade levou à criação de dois acordos: a bula Inter Caetera de 1493 e o Tratado de Tordesilhas de 1494.

Neste cenário de exploração territorial a oeste e comércio na Índia, Portugal organizou uma nova expedição, liderada por Pedro Álvares Cabral, um homem de 1,90m de altura e cavaleiro da Ordem de Cristo desde 1494.

Historiadores ainda especulam sobre a escolha de Cabral como líder, dado que havia outros navegadores mais experientes, como Bartolomeu Dias.

A frota de Cabral era composta por 13 embarcações, incluindo nove naus, três caravelas e um navio de mantimentos, com um total de 1200 a 1500 homens, partindo de Lisboa em 9 de março de 1500.

O relato do avistamento de terras em 22 de abril de 1500 foi feito por Pero Vaz de Caminha, escrivão da expedição, da seguinte forma:

“No dia seguinte [22 de abril], uma quarta-feira pela manhã, encontramos aves chamadas fura-buchos. Nesse mesmo dia, no período das vésperas [entre 15h e 18h], avistamos terra! Primeiro, um grande monte, muito alto e redondo; em seguida, outras serras mais baixas ao sul do monte, e além, terras planas com vastos arvoredos. O monte alto foi nomeado pelo Capitão como Monte Pascoal, e à terra, deu o nome de Terra de Vera Cruz.

Embora a terra tenha sido avistada em 22 de abril, foi apenas no dia seguinte que Cabral enviou homens até ela, e então ocorreram os primeiros contatos entre portugueses e nativos. Segundo o relato de Pero Vaz de Caminha, “eles eram pardos, todos nus, sem nada que cobrisse suas partes íntimas. Nas mãos, carregavam arcos e flechas”.”

“A primeira expedição que marcou o início dos contatos entre portugueses e nativos foi liderada por Nicolau Coelho. Ele e outros homens foram enviados à margem da praia em um bote para iniciar um relacionamento com os indígenas, e esses contatos foram pacíficos. Em outro trecho sobre os nativos, Pero Vaz de Caminha descreve:

“Eles tinham uma aparência parda, ligeiramente avermelhada, com bons rostos e narizes. Eram geralmente bem proporcionados. […] Ambos […] tinham o lábio inferior perfurado com um osso branco inserido, realmente um osso, com o comprimento de uma mão aberta e a espessura de um fuso de algodão, afiado na ponta como um punção. Colocavam-no pelo lado de dentro do lábio, e a parte que ficava entre o lábio e os dentes era esculpida como um tabuleiro de xadrez, encaixada de tal forma que não atrapalhava a fala, nem a alimentação ou a bebida”.

O contato foi calmo, houve troca de presentes entre as duas partes, e alguns dos indígenas foram levados à embarcação onde estava o capitão-mor, Cabral, para que ele os conhecesse. Foram-lhes dados alimentos e vinho, mas eles rejeitaram a comida e não gostaram do que experimentaram, segundo o relato de Caminha”

Fonte : Descobrimento do Brasil: contexto, curiosidades – Brasil Escola (uol.com.br)

Bonitinha a história, não?

O site MUNDOEDUCAÇÃO.UOL.COM.BR traz informações adicionais:

A colonização portuguesa no Brasil foi marcada pela submissão e extermínio de milhões de indígenas, um padrão semelhante ao de outras colonizações europeias, como a espanhola, que também subjugou e dizimou povos nativos.

Durante as Grandes Navegações (séculos XV e XVI), os objetivos principais da Coroa portuguesa eram a expansão comercial e a aquisição de produtos para o comércio europeu, visando lucro. Outros motivos existiam, mas estes dois serão o foco.

Em 1500, os portugueses que chegaram ao “Novo Mundo” (América) reivindicaram as terras e logo entraram em contato com os indígenas, chamados pejorativamente de “selvagens”.

Alguns historiadores referem-se a esse primeiro contato como um “encontro de culturas”, numa tentativa de suavizar as tensas relações estabelecidas. No entanto, o início da colonização portuguesa representou um “desencontro de culturas”, caracterizado pelo extermínio e subjugação dos nativos, seja através de conflitos ou doenças trazidas pelos europeus, como gripe, tuberculose e sífilis.

No século XVI, foram poucos os empreendimentos realizados no território colonial. As principais ações portuguesas, empregando trabalho escravo indígena, incluíram a nomeação de localidades costeiras, a confirmação da existência do pau-brasil e a construção de algumas feitorias.

A submissão e o extermínio dos indígenas pelos europeus estavam apenas começando na história do Brasil, entretanto não devemos esquecer a resistência que os povos indígenas empreenderam.

Os indígenas foram escravizados

As causas da escravidão indígena no Brasil estão intimamente ligadas aos objetivos dos portugueses na colonização do território. Diferentemente do ocorrido na América do Norte, os colonizadores portugueses não se estabeleceram permanentemente, mas vieram com o intuito de explorar as riquezas naturais. A mão de obra indígena era a única disponível; contudo, os índios não estavam acostumados ao trabalho escravo em larga escala.

Para forçar os indígenas ao trabalho, os colonizadores recorreram a ameaças, uso de força física e disseminação de doenças. Muitas tribos foram exterminadas devido aos conflitos gerados pela resistência ao trabalho forçado. Inúmeros indígenas fugiram para o interior do país para escapar da escravidão. Com o insucesso da escravização dos povos nativos, os portugueses voltaram-se para a escravidão africana.

Portugueses e indígenas: encontro ou desencontro de culturas? (uol.com.br)

Os índios frequentemente resistiam à escravidão, e os portugueses, vendo a expansão como sua guerra santa, decidiram investir na escravidão africana, iniciando outro período sombrio. “Os nativos não querem trabalhar…” era o que se dizia! (Já ouviu algo semelhante sobre os brasileiros? Quem, afinal, desejaria ser escravizado?)

A tragédia do extermínio indígena no Brasil pode ser quantificada nos números a seguir:

Cerca de 3,5 milhões de índios habitavam o Brasil na época do descobrimento. Dividiam-se em quatro grupos linguístico-culturais: tupi, jê, aruaque e caraíba. Com predominância Tupi. – As sociedades indígenas brasileiras no século XVI (rio.rj.gov.br)

Último censo do IBGE registrou quase 900 mil indígenas no país; dados serão atualizados em 2022 — Fundação Nacional dos Povos Indígenas (www.gov.br).

Os esforços de extermínio persistem, embora de maneira dissimulada.

A mineração ilegal em territórios indígenas contamina o solo e as águas com mercúrio, resultando em desnutrição e mortes.

Em tempos de desinformação, alguns podem ser persuadidos pelo argumento de um ex-jornalista que sugere erroneamente que aproximadamente 18 mil indígenas Yanomami vivem em uma área do tamanho de Pernambuco, mas sofrem de fome por não quererem trabalhar.

(- “Lembra-se da velha narrativa dos nativos preguiçosos?” – Como diriam os indígenas nos antigos filmes americanos, mas com um sotaque brasileiro: “Homem branco tem pensamento equivocado!”)

Descobrir quem financia esse tipo de desinformação não seria surpreendente.

O que não foi mencionado, seja por esquecimento ou má intenção, é que as terras onde vivem esses indígenas e as águas dos rios próximos estão desprovidas de vida, contaminadas pelo mercúrio utilizado pelos garimpeiros ilegais. O que se cultiva não prospera… ou prospera apenas para causar morte!

É triste reconhecer, mas a avidez e a corrupção predatória dos “civilizados” também contribuem para o extermínio dos povos indígenas no Brasil.

E o que se esperar dos representantes eleitos? – Como representantes de si mesmos e de donos do poder  ( pesquise lobby – o que é isso? –Você sabe o que é lobby político?  | Politize!), vão emitir notas de repúdio… e na maioria das vezes, continuarão ricos – às custas dos bestializados, que jamais entenderão sequer uma simples canção infantil .

Confira:

Fonte: Escravidão indígena: contexto, causas, resistência – Brasil Escola (uol.com.br)

Saiba mais em Os índios e o velho Oeste (História) – Jeito de ver.

Os índios e o velho Oeste (História)

Um Americano Nativo. O cinema costumava romantizar o “heroísmo dos brancos” imputando aos nativos sempre a imagem de bandidos.- Mas, o que realmente aconteceu?

Imagem de David Mark por Pixabay

Este artigo fornece apenas uma visão superficial de um assunto crucial. Nosso objetivo é despertar sua curiosidade, incentivando-o a explorar os links que fornecemos para obter detalhes históricos. Você ficará surpreso com a riqueza dessa história. Boa leitura!

Você sabia que boa parte das pessoas tem seu conceito a  respeito dos indígenas moldado pelos antigos filmes de velho oeste?

O cinema americano costumava repetir  a versão  dos colonizadores sobre a conquista e expansão norte-americana, e foi de certo modo responsável pelo estereótipo de que o povo nativo, era selvagem, insociável e perigoso aos caras-pálidas,  gíria nos filmes de velho oeste, para homem branco.

O cinema costumava romantizar o “heroísmo dos brancos” imputando aos nativos a pecha de vilões.

Mas, o que realmente aconteceu?

Um pouco de história…

O período de colonização da idade Moderna (1453 a 1789) se inicia no final do século XIV, com o crescimento econômico de países europeus e asiáticos. O processo de colonização inglesa da América do Norte decorre da formação de treze colônias a partir do século XVII, essas treze colônias são representadas pelas treze linhas horizontais na bandeira dos Estados Unidos.

A coroa inglesa controlava o comércio, as leis que estabeleciam aumento de taxas sobre produtos e a força armada, que mudava a política econômica das colônias. Como as treze colônias não tinham representação no parlamento britânico, os colonos americanos declararam guerra aos ingleses. E em 1775 começou a guerra da Independência…

No dia 4 de julho de 1776 os Estados Unidos se tornaram independentes da Inglaterra, mas os ingleses somente reconheceram a independência anos depois, e em 1783 novos territórios foram incorporados. Até que, por fim, em 1787, os Estados Unidos se tornaram uma República Federal.

Entre 1845 e 1853, os EUA invadiram e ocuparam territórios mexicanos como o Texas, Califórnia, Nevada, Utah e Novo México e áreas dos estados de Arizona, Colorado e Wyoming, que correspondia, que correspondia a quase metade do México.

O problema é que já havia gente por lá… estima-se que havia 25 milhões de índios na América do Norte e cerca de 2 mil idiomas diferentes.

A IDEIA DE CIVILIZAR OS NATIVOS…

“Claro que por trás deste processo de civilização havia interesse em terras, fontes, reservas, expansão territorial e principalmente comercial..  e nisto, deu-se início a um processo de massacre de milhões de indígenas, na destruição irreversível de culturas e idiomas, sob a alegação de ser uma guerra justa. Tamanhas atrocidades diferem em alcance do que aconteceu em outras partes da América – sim, a vasta maioria dos colonizadores era composta de homens GANANCIOSOS E QUE NÃO HESITAVAM em ser cruéis (e não levavam tanto espelho para trocar por ouro, como alguns de vocês talvez tenham aprendido na escola).

A limpeza étnica do oeste americano tornou-se política oficial do governo americano, que passou a declarar guerra às tribos indígenas sob qualquer pretexto. Assim os apaches foram destruídos pela ação do exército americano após a entrada de mineiros e bandidos no território dos apache. A eliminação dos índios também foi defendida por dificultarem o trabalho dos empreiteiros e empresários de ferrovias que construíam e cortavam suas terras com a nova malha viária, ou como uma forma de se desobstruir o solo das planícies, destruindo suas culturas de subsistência, substituídas por lavouras comerciais em contato com os mercados consumidores através do novo sistema ferroviário. Os indígenas foram paulatinamente empurrados pelo governo americano para territórios cada vez mais áridos, inférteis, isolados e diminutos. O antigo “Território Indígena”, que cobria a superfície de 4 estados da União, acabou sendo abolido e trocado por pequenas e esparsas reservas indígenas. Em um discurso diante de representantes dos povos indígenas americanos em junho de 2019, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, pediu desculpas pelo genocídio cometido em seu estado. Newsom disse: “Isso é o que foi, um genocídio. Não há outra maneira de descrevê-lo. E é assim que ele precisa ser descrito nos livros de história. – Wikipedia Genocídio indígena nos EUA.

Ao fim das chamadas “guerras indígenas”, restavam apenas 2 milhões, menos de 10% do total. Para o etnólogo americano Ward Churchill, da Universidade do Colorado, esse mais de um século de extermínio e, particularmente, o ritmo com que isso ocorreu no século XIX, caracterizaram-se “como um enorme genocídio, o mais prolongado que a humanidade registra”.

“O genocídio nos EUA foi um processo com apoio declarado dos setores que deslumbravam a possibilidade de lucros com o extermínio generalizado dos índios e sua substituição por áreas integradas ao sistema de comércio, que renderia dividendos a banqueiros, fazendeiros, industriais das ferrovias e implementos agrícolas e outros capitalistas”. Wikipedia

Os filmes do Velho Oeste romantizaram esse genocídio, contribuindo para a perpetuação de estereótipos prejudiciais.

Este resumo apenas arranha a superfície da tragédia da conquista dos territórios indígenas pelos Estados Unidos. É essencial não repetir comentários insensíveis que minimizam essa história e suas consequências devastadoras.

A colonização do Brasil também tem sua própria história, que abordaremos mais adiante.

Só pra lembrar:

Enriqueça o seu conhecimento.

Recomendamos a leitura da matéria nos links citados.

Saiba mais:  https://www.todamatéria.com.br).

‘Quase aniquilação’: o massacre de Bear River, um dos piores contra indígenas da história dos EUA – BBC News Brasil

Genocídio indígena nos Estados Unidos – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org)

Leia mais em  Vamos brincar de índio? (Informativo) – Jeito de ver.

Um dia no museu Paraguaçu (Informativo)

Uma pessoa num banco. Um texto sobre o pequeno Museu da Comunicação em Iaçu - Bahia,

Imagem de Daniel Nebreda por Pixabay

Uma breve visita ao museu  Paraguaçu

O futuro já se faz presente, mas é o passado que serve de fundamento para o que vemos hoje.

Essa é a verdade que define um museu: a criação de um amanhã ainda mais esplêndido. Um sonho trazido à realidade pelo visionário Adalberto de Freitas Guimarães, pensado para que possamos desacelerar e valorizar a vida e a história, peças-chave para entendermos de onde viemos e para onde vamos. Esse projeto tem atraído a atenção de turistas e moradores da hospitaleira Iaçu, localizada a 279 km de Salvador, a capital da Bahia.

Independente de patrocínios, movido por uma determinação inquebrantável, o Sr. Adalberto segue ampliando sua coleção de objetos que narram a evolução da comunicação e das artes.

E como ele mesmo, com um sorriso no rosto, gosta de dizer: “O futuro se torna mais fascinante quando temos um passado para explorar!”

Abaixo um pouco do acervo do museu Paraguaçu.

Símbolo de tempo…

Relógio antigo.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Relógio em forma de Bicicleta.

O tempo não para…

Primeira bicicleta do Município

Primeira bicicleta do Município e algumas curiosidades

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Para você que ama uma “selfie”,  já conhece o famoso “lambe-lambe”? Sim, esse é o nome, para saber o por quê visite o museu.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Câmeras fotográficas.

Conheça também o acervo de câmeras e projetores

Cortesia do Museu da Comunicação de Iaçu.

Um antigo rádio de madeira.

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Como seus avós ouviam aquele “som-zinho” e as notícias da época? Conheça o acervo de rádios do Rio Paraguaçu. Você vai ouvir um monte de histórias incríveis!

Rádio antigo.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Você talvez se pergunte ao ver este rádio: Meu Deus, de onde é que vem isso? Onde eu aperto para baixar músicas? – Conheça a história, você vai gostar.

Antiga máquina de escrever.

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Que tal um pouco de digitação? Conheça a incrível máquina de escrever!

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Ou quem sabe fazer aquela ligação? Você talvez se pergunte: “Como é que faziam pra escrever as mensagem do whatsapp na época?”

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Esse é o “gramophone” com ph. Naquele tempo, se escrevia farmácia com ph. E hoje como se escreve?

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Cortesia Museu da Comunicação e arte de Iaçu

Um máquina ferroviária, do artista: Bugaiau

E para finalizar

Sede do Museu e Radio Paragauçu

Turista fazendo visita ao Museu.

…  um turista aproveitando a oportunidade.

Um homem e um projeto, você já imaginou o quão longe ainda se pode ir com o apoio de setores públicos e privados? Apoiar a cultura e a arte é investir no futuro.

Caro leitor, seu apoio é importante.

VISITE O MUSEU PARAGUAÇU E CONHEÇA AINDA MUITO MAIS!

Leia também Uma breve história da Comunicação – Jeito de ver.

A música como produto e arte – uma história!

Um disco na vitrola. Um texto sobre a Música como um produto.

Imagem de Essexweb1 por Pixabay

 

Explorando a Melodia ao Longo do Tempo

A música, essa forma única de arte, está ao nosso alcance através de diversas plataformas que oferecem uma vasta seleção de artistas e estilos musicais.

Hoje em dia, temos a liberdade de montar playlists personalizadas, algo inimaginável nos tempos em que só tínhamos as rádios como fonte – e isso é fantástico!

Nas décadas de 80 e 90, aguardávamos ansiosamente pelo locutor de voz marcante anunciar o próximo hit. Com o gravador pronto, os botões “REC” e “PLAY” acionados, tudo corria bem até que, ao fim da música, o locutor interrompia com a hora e o nome da estação, estragando a gravação. Que época incrível!

Hits daquele tempo, como “Voo de Coração”, “A Vida Tem Dessas Coisas” e “Pelo Interfone” na voz de Ritchie, “Cachoeira” na de Ronnie Von – que possui uma das vozes mais doces da nossa música – ainda ecoam em nossa memória.

Artistas como Roupa Nova, 14 Bis, Rádio Táxi, Placa Luminosa, e ícones como Gal, Bethânia, Zizi Possi, Elba, Fafá, Cássia Eller, Gilberto, Caetano, Djavan, Emílio Santiago, Ivan Lins, Tim Maia, Jorge Benjor, Roberto (O Rei), Erasmo e Raul (nossos roqueiros com “R”) deixaram um legado eterno na música brasileira.

Cada cantor tinha a sua própria maneira de interpretar canções. Ângela Ro Ro, por exemplo, transmitia emoções quase indescritíveis com performances intensas, como em “Amor, Meu Grande Amor”, e nuances melancólicas em “Só Nos Resta Viver”.

A música, como forma de arte, é rica em emoções variadas e oferece inúmeras interpretações ao público. Ela se adapta a cada indivíduo, proporcionando o significado que procuramos, e reflete a cultura de cada época.

A arte é dinâmica, ajustando-se e evoluindo de forma natural, aprimorando tendências e traços. Esse mesmo processo se manifesta no mundo da música.

Um Passeio no Tempo

Ao voltarmos ao início da década de 1960, observamos o declínio do Rock’n Roll: Elvis Presley estava no exército americano, sem a rebeldia anterior, Little Richard quase abandonou a música, Chuck Berry enfrentava problemas com a justiça e Jerry Lee Lewis caía em desgraça por seu comportamento volátil e um escândalo matrimonial. Ícones promissores como Buddy Holly, Richie Valens e Big Bopper morreram em um trágico acidente aéreo. Parecia que o mundo do Rock estava à deriva.

Contudo, na Inglaterra, jovens se encantavam com o Rock’n Roll que adormecia nos EUA. Nascia o Rock Britânico, com bandas como The Beatles, The Hollies, The Rolling Stones, Gerry and the Pacemakers, The Dave Clark Five, The Swinging Blue Jeans e The Kinks, cada uma trazendo seu estilo distinto. Foi assim que o Rock’n Roll reconquistou o mundo.

No Brasil, bandas notáveis como Os Incríveis, Renato e seus Blue Caps, The Fevers, Os Carbonos e The Sunshines surgiram, cada uma imprimindo seu legado. A música se transformava em mercadoria, com as gravadoras lançando sucessos formatados até que uma nova onda musical emergisse.

Analisando e Copiando Tendências

O mundo da música é conhecido por suas cópias e imitações.

No Brasil, nos anos 1990, vimos cantores sertanejos da época seguindo a mesma temática, cortes de cabelo e calças apertadas. Após a febre sertaneja, surgiram grupos de pagode no rastro do Raça Negra, assim como grupos de lambada no final da década de 1980 seguiram a onda do Kaoma.

O sucesso é copiado como produto, mas cada cópia é um retrato de uma época. São importantes na história e para a história!

A música, como arte, sempre terá valor, para o bem ou para o mal.

Apreciemos e entendamos como ela reflete nosso contexto histórico e cultural, sempre evoluindo e se adaptando, marcando as páginas da nossa história musical.

 

Gilson Cruz

Veja mais em A música atual está tão pior assim? ‣ Jeito de ver

 

 

 

Jeito de ver – Um novo jeito – o seu!

Imagem de Dawnyell Reese por Pixabay

 

Olá e bem-vindo ao Jeito de Ver!

Este é o nosso espaço dedicado à arte como uma poderosa expressão da cultura e da essência humana. Aqui, mergulhamos em poesias, exploramos músicas, desvendamos histórias e oferecemos análises, sempre com uma dose de bom humor.

Sinta-se à vontade para explorar e compartilhar as diversas manifestações artísticas que tornam nossa jornada única e enriquecedora.

Vamos juntos descobrir o fascinante mundo da arte no Jeito de Ver!

Gilson Cruz

Conselhos a um jovem (pra quê a pressa?) ‣ Jeito de ver

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