Redes Sociais – Palco para discursos de ódio

Redes sociais têm sido usadas como palco para discursos de ódio

Imagem de Markus Winkler por Pixabay

As redes sociais têm um papel crucial na disseminação de discursos de ódio.

Elas foram desenvolvidas com o intuito de gerar lucros ao passo que  facilitariam uma melhor interação entre pessoas e grupos, NADA É GRATUITO!

Neste artigo analisaremos especialmente o ‘X’, do  antecessor Twitter, e seu papel na propagação de tais discursos e de fake news.

O espaço concedido pelas redes sociais ao discurso de ódio

As redes sociais, criadas para serem plataformas de liberdade de expressão e interação social, tornaram-se arenas para a propagação de discursos de ódio, notadamente por políticos de extrema direita.

O ‘X’, antes conhecido como Twitter, destaca-se significativamente nessa questão.

A estrutura dessas plataformas permite a disseminação rápida de mensagens, frequentemente sem a moderação adequada para impedir conteúdos nocivos.

Tal cenário é aproveitado por indivíduos extremistas para intensificar fake news, narrativas de ódio e divisão.

O anonimato e os perfis falsos

O anonimato incentiva usuários a expressarem opiniões ofensivas e extremas sem temer retaliações. Essa sensação de impunidade propicia atos de ódio, encorajando a repetição desses comportamentos.

A arquitetura algorítmica das redes sociais é igualmente crucial, pois algoritmos focados em engajamento favorecem conteúdos que polarizam, incluindo discursos de ódio, devido ao aumento de interações.

Isso gera um ciclo vicioso, dando mais visibilidade a tais conteúdos, ampliando seu alcance e normalizando o extremismo.

Mas, onde entra o lucro?

Não importa a razão do discurso a ser discutido, quanto maior o alcance maior a oportunidade de vender anúncios.

Discursos de ódio e fake news têm maior alcance que retratações e desmentidos!

A falta de controle efetivo e a permissividade das plataformas criam um ambiente fértil para o crescimento do extremismo online.

Não importa a razão do discurso a ser discutido, quanto maior o alcance maior a oportunidade de vender anúncios.

As bolhas

As redes sociais desempenham um papel crucial na criação de bolhas informativas, onde os usuários são frequentemente expostos somente a conteúdos que confirmam suas crenças já existentes.

Esse fenômeno é intensificado pelos algoritmos das plataformas, que tendem a mostrar postagens e notícias que se alinham com as preferências e o histórico de interações dos usuários

Conhecida como “filtro bolha”, essa prática cria um ambiente isolado, no qual pontos de vista divergentes são minimizados ou completamente excluídos.

A exposição constante a conteúdos que reforçam e amplificam perspectivas extremas pode resultar em polarização e radicalização.

Esse ciclo pernicioso não só isola os usuários de diferentes perspectivas, mas também potencializa o ódio e as críticas extremas, gerando uma câmara de eco de negatividade e hostilidade.

A exposição constante a conteúdos que reforçam e amplificam perspectivas extremas pode resultar em polarização e radicalização.

O papel dos algorítmos

Os algoritmos de redes sociais têm um papel crucial na amplificação do ódio.

Eles são programados para maximizar o engajamento e tendem a promover conteúdos que provocam mais interações, favorecendo postagens que são provocativas e polarizadoras.

Isso faz com que discursos de ódio e mensagens extremistas tenham mais visibilidade e alcance, exacerbando as tensões sociais e fomentando divisões.

É vital que essas empresas implementem políticas mais estritas para monitorar e limitar a propagação de conteúdo nocivo.

Promover a diversidade de pensamento e a exposição a diferentes pontos de vista são etapas cruciais para diminuir a polarização e a radicalização.

Apenas por meio de uma abordagem consciente e proativa poderemos criar um ambiente digital mais saudável e inclusivo.

Promover a diversidade de pensamento e a exposição a diferentes pontos de vista são etapas cruciais para diminuir a polarização e a radicalização.

O Impacto do Discurso de Ódio na Saúde Mental e na Vida das Pessoas

O discurso de ódio em redes sociais tornou-se um fenômeno alarmante, com impactos significativos na saúde mental das vítimas.

O anonimato do ambiente virtual facilita a propagação de mensagens negativas, com efeitos potencialmente devastadores.

A exposição contínua a tais conteúdos pode causar problemas psicológicos, incluindo depressão, ansiedade e, em casos extremos, suicídio.

O caso de Hannah Smith, uma adolescente britânica que cometeu suicídio após sofrer assédio online, é um exemplo trágico.

Ela foi vítima de bullying e mensagens de ódio nas redes sociais, o que deteriorou seu estado emocional e culminou em tragédia.

Casos como o de Hannah não são raros, e muitas vítimas de discurso de ódio lutam com desafios semelhantes, frequentemente sem suporte adequado.

O impacto do discurso de ódio vai além do sofrimento individual, influenciando negativamente a vida social e profissional das vítimas. A exposição frequente a mensagens de ódio pode diminuir a autoestima, abalar a confiança e resultar em isolamento social.

O estigma do assédio online pode danificar a reputação e as oportunidades de trabalho das vítimas, criando um ciclo de sofrimento e exclusão.

Pesquisas indicam que a enxurrada de mensagens negativas nas redes sociais pode alterar a química cerebral, contribuindo para transtornos mentais.

A Necessidade de Regulação das Redes Sociais

A disseminação crescente de discursos de ódio em redes sociais, como a plataforma ‘X’, anteriormente conhecida como Twitter, tem levantado um debate intenso sobre a necessidade de regulamentação mais estrita.

Diversos países e organizações internacionais estão debatendo propostas para regular as redes sociais e controlar a disseminação de discursos de ódio.

A União Europeia, por exemplo, adotou o Código de Conduta para combater o discurso de ódio online, exigindo que as empresas de tecnologia retirem conteúdo ilegal dentro de prazos estabelecidos.

Nos Estados Unidos, apesar da Primeira Emenda proteger a liberdade de expressão, existe um apoio crescente para revisar a Seção 230 do Communications Decency Act, que atualmente oferece imunidade às plataformas digitais em relação à responsabilidade pelo conteúdo criado pelos usuários.

Diversos países e organizações internacionais estão debatendo propostas para regular as redes sociais e controlar a disseminação de discursos de ódio.

Uma regulação eficiente das redes sociais pode trazer vários benefícios.

Em primeiro lugar, ao estabelecer diretrizes claras sobre o que é considerado discurso de ódio, as plataformas seriam forçadas a monitorar e eliminar conteúdos nocivos com mais diligência.

Em segundo lugar, a aplicação de penalidades severas pelo descumprimento dessas diretrizes poderia atuar como um forte desincentivo à tolerância das empresas de tecnologia com conteúdos ofensivos.

Por fim, a implementação de mecanismos de denúncia e apoio às vítimas de discurso de ódio poderia contribuir para um ambiente online mais seguro e inclusivo.

Em resumo, a regulamentação das redes sociais é uma ação necessária para enfrentar a ‘pandemia’ de discursos de ódio. Embora seja um desafio, a implementação de políticas rigorosas e coordenadas pode ser fundamental para promover mudanças positivas.

Nota: Como mencionado na introdução, nada é gratuito, e isso também se aplica aos discursos de ódio e aos algoritmos que promovem a formação de bolhas ideológicas.

No jogo da comunicação e da propaganda, o usuário comum é o produto em questão, e o objetivo de quem promove a polarização é único: estabelecer um sistema do qual possam lucrar.

“No jogo da comunicação e da propaganda, o usuário comum é o produto em questão…”

Leia também: Por que muitos compartilham fake news? ‣ Jeito de ver

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