As águas claras do pequeno lago, eram tão claras que ainda posso ver os peixinhos nadando entre as pequenas pedras onde costumávamos sentar nas manhãs de verão.
Eles não temiam, havia um silêncio ensurdecedor de quem não sabia explicar o que tinha acontecido ou mesmo o por quê.
Teu vestido branco, sandálias pretas combinavam com teus cabelos escuros, mas contrastavam com o vermelho em teu rosto.
Não sabia por onde começar e, muito menos, como terminar.
Estava tudo tão bonito naquele dia, tão perfeito, que a mera ideia de se desistir assustava.
E o “Bom dia” foi frio, sem abraços.
E o diálogo, sem palavras.
E falar do passado, sem alegria, sinalizava – não haveria futuro.
E sentados juntos, no mesmo lugar, sem palavras, sem reações fingíamos contemplar a relva que cercava o pequeno lago, as flores brancas lá do outro lado e admirar os peixinhos prateados pelo reflexo de um sol aconchegante que se tornara, então, frio como o inverno que chegaria em poucos dias.
O que se ouvia, era o som do vento.
E sem palavras, levantamos, damos as mãos pela última vez, sem entender e saber explicar como tudo acabou.
Gilson Cruz
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