As cidades crescem, é verdade.
Mas aquela cidade do interior não estava preparada, para tanto.
Os vizinhos que antes eram parte da família, agora eram pessoas distantes, totalmente desconhecidos.
O barbeiro da esquina era apenas mais um Sr. Edson e o padeiro, já não estava mais entre nós.
Nas ruas, onde as crianças brincavam sem medo, o que se via era a solidão e o que se ouvia de longe eram sons, que se misturavam, que brigavam entre si – a voz melódica de um cantor e sua pequena banda no meio da praça, pedindo a oportunidade de cantar. a oportunidade de trazer mais sentimento às pessoas que passavam, enquanto barracas insensatas, insensíveis, ligavam seus aparelhos sonoros em volumes indelicados, mal educados – matando o encanto das horas.
E o cantor persistia…
Na mesma praça onde costumava haver árvores, bancos, um gramado onde pequenas crianças brincavam aos domingos e à noite se podia ouvir velhos seresteiros, cantando, bebendo, celebrando a noite, a vida, a arte…
Triste, parei por instantes… vi um pouco do passado.
Ouvi a bela voz do músico, mais uma vez, enquanto os sons indesejados competiam por um espaço em meus ouvidos.
Andei lentamente pelas ruas que me levaram à minha casa…
e lamentei.
A cidade cresceu, mas as barracas pararam longe, um pouco atrás no tempo – e a voz do cantor jamais as alcançará.
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